Fim do isolamento

Em momento conturbado, a boa notícia ‘é que o Brasil está de volta’, afirma novo chanceler

Segundo Mauro Vieira, existe “demanda internacional” pelo país, que deixará de ter a “visão ideológica limitante” que o isolou

Reprodução/YouTube
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Brasil voltará a atuar como pais com interesses globais, disse o chanceler

São Paulo – Último a tomar posse nesta segunda-feira (2), o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que o Brasil vai atuar no sentido de se “reinserir” na América Latina e no mundo. Isso depois de ficar praticamente alijado, do ponto de vista global, por causa de uma “visão ideológica limitante”. O ex-chanceler Celso Amorim representou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no evento realizado no Palácio do Itamaraty, já depois das 20h.

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Vieira disse que a tarefa será de “reconstruir nosso patrimônio diplomático”. Isso também em um momento mais conturbado no mundo, “com tensões entre grandes potências e uma guerra dolorosa na Europa”, como ele citou. O que pôs em perigo a estabilidade mundial e exacerbou os efeitos da pandemia, destacou. Diante do que ele chamou de crise “sem precedentes” da governança global, “a boa notícia, como disse o presidente Lula, é que o Brasil está de volta”. Existe demanda internacional pelo pais, afirmou o chanceler.

Protagonismo internacional

Nesse esforço interno e externo de reestruturação do Itamaraty e retomada do protagonismo internacional, a embaixadora Maria Laura da Rocha será a secretária-geral da pasta, o equivalente ao segundo posto mais importante do ministério. Esse cargo nunca havia sido ocupado por uma mulher.

Como “parceiro confiável” e “liderança positiva”, o Brasil deverá retomar seu protagonismo construtivo nos fóruns internacionais. Refletindo um país com mais justiça social, compromisso com direitos humanos e apego ao Direito internacional. O objetivo, disse Mauro Vieira, é “voltar a atuar como um país com interesses globais”. Ele lembrou que Lula já ofereceu o Brasil como sede da COP30, a conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), prevista para 2025.

Vez e voz global

“O Brasil e demais países emergentes querem ter vez e voz na cena internacional”, afirmou o chanceler. Ele falou que o país continuará trabalhando pela “ampliação e reforma” do Conselho de Segurança da ONU, além de “destravar” a Organização Mundial do Comércio (OMC).

“Vamos utilizar de maneira criativa o Brics”, disse ainda Vieira. O país assumirá a presidência do bloco em 2024. Além disso, o Brasil continuará sendo uma “potência agroambiental”, importante na segurança alimentar mundial. “O Brasil voltará a ser um país solidário e engajado.”

Oriente Médio e Estados Unidos

Além de retomar a ideologia da “integração regional”, tendo como Argentina, Uruguai e Paraguai como parceiros estratégicos do Mercosul, o país vai retomar a “tradição de boas relações com todos os países” no Oriente Médio. Em relação aos Estados Unidos, as relações serão “em pé de igualdade, isentas de alinhamentos automáticos”.

Prestes a completar 72 anos, em fevereiro, Mauro Vieira é bacharel em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Funcionário de carreira do Itamaraty, formou-se no Instituto Rio Branco em 1974.

Ele já comandou o Itamary entre 2015 e 2016, até o impeachment de Dilma Rousseff, e desempenhou várias funções no ministério. Atual embaixador na Croácia, comandou a diplomacia brasileira na Argentina e nos Estados Unidos. Além disso, foi representante do Brasil na ONU entre 2016 e 2020.



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