mais de 22 mil mortos

Julgado no Tribunal de Haia, Israel diz que África do Sul ‘distorce’ a realidade de Gaza

Representantes do governo israelense disseram em Haia que, “se houve atos e genocídio, foi contra Israel”. Estado é acusado pela África do Sul, que tem apoio de diversos países, inclusive do Brasil

@TNInstitute
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Manifestantes acompanham o julgamento na corte de Haia, na Holanda

São Paulo – Nesta sexta-feira (12), segundo dia do julgamento de Israel no Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia, na Holanda, o governo israelense classificou de “grosseiramente distorcidas” as acusações apresentadas pela África do Sul na corte. Segundo as autoridades israelenses, “se houve atos de genocídio, eles foram perpetrados contra Israel”. “O Hamas busca o genocídio contra Israel”, disse ao tribunal o consultor jurídico do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Tal Becker. “Israel está em uma guerra de defesa contra o Hamas, não contra o povo palestino. O componente chave do genocídio, a intenção de destruir um povo no todo ou em parte, está totalmente ausente.”

Apoiado por diversos países, inclusive o Brasil, a nação africana denunciou Israel à corte por quebra compromissos assumidos no âmbito da Convenção das Nações Unidas sobre Genocídio, assinada após o Holocausto. Como signatária do acordo, a África do Sul pode processar o outro país no TPI, que decidirá sobre a disputa.

A denúncia, inédita, apresentada em regime de urgência, visa também a suspensão imediata das operações militares, que já mataram mais de 22 mil palestinos na Faixa de Gaza desde o início de outubro.

Denúncia por genocídio contra palestinos

A Corte de Haia começou a ouvir ontem (11) os argumentos da África do Sul, que acusa Israel de atos de genocídio contra palestinos na Faixa de Gaza. A Convenção das Nações Unidas para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio, da Organização das Nações Unidas (ONU), classifica genocídio como qualquer ação com a intenção de “cometida com a intenção de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso”.

Após as audiências desta semana, a Corte de Haia deve se pronunciar até o fim de janeiro sobre se Israel deve interromper temporariamente as ações militares em Gaza. Neste caso, caberá ao Conselho de Segurança da ONU determinar a aplicação da determinação.

Neste sábado (13), em todo o mundo, organizações em defesa da Palestina se unirão no Dia de Ação Global para exigir o cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza. Os atos foram convocados pela Campanha de Solidariedade à Palestina (Palestine Solidarity Campaign – PSC), a Coligação Pare a Guerra (Stop the War Coalition) e os Amigos de Al Aqsa (Friends of Al-Aqsa – FOA), sediadas no Reino Unido.

O objetivo é chamar atenção da opinião pública para a “guerra genocida” de Israel contra a Faixa de Gaza que, em pouco mais de três meses, já matou mais de 22 mil palestinos, vitimando principalmente mulheres e crianças. Além disso, os conflitos causaram o deslocamento forçado de 85% da população que vive no enclave palestino.

“Em todo o mundo, o movimento de solidariedade vem agindo para mobilizar milhões de pessoas nas ruas, exigindo um cessar-fogo imediato e permanente, o fim do cerco a Gaza e o fim dos 75 anos de ocupação da Palestina por Israel. Precisamos de intensificar esta pressão coordenando ações em todo o mundo”, diz a FOA.

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Redação: Cida de Oliveira