Europeus tentam manter diretoria do FMI; ultradireitista francesa quer fim do órgão

A primeira-ministra alemã, Angela Merkel, defende a ministra da Economia da França, Christine Lagarde, para o comando do FMI (Foto: Thomas Peter/ Reuters) São Paulo – As articulações para a […]

A primeira-ministra alemã, Angela Merkel, defende a ministra da Economia da França, Christine Lagarde, para o comando do FMI (Foto: Thomas Peter/ Reuters)

São Paulo – As articulações para a substituição de Dominique Strauss-Kahn como diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) movimentam diplomaciais de países europeus. Desde a criação do órgão, há 65 anos, os cargos principais ficam nas mãos do Velho Mundo. A crise em países como Grécia, Portugal e Irlanda coloca o continente no centro da atuação do fundo pelos próximos anos.

Na contramão dessa movimentação está a ultradireitista Marine Le Pen, da Frente Nacional (FN). Candidata à presidência, ela defendeu o fim do FMI por ser, segundo suas palavras, uma “máquina infernal ao serviço da ideologia ultraliberal”. Ela havia sido questionada sobre a substituição de Strauss-Kahn que era, até a eclosão do escândalo sexual que levou a seu afastamento, favorito na disputa pelo cargo atualmente ocupado por Nicolas Sarkozy.

“Os planos de ajuste estrutural que impõe aos países nos quais intervém se traduzem sistematicamente na privação dos serviços públicos, o desmantelamento do Estado, a queda dos salários e das pensões e a supressão da proteção nas fronteiras”, indicou o dirigente ultradireitista, segundo a agência Efe. A posição coincide com críticas adotadas por correntes de esquerda. Marine fez críticas ainda a outros organismos multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e Banco Mundial, que “caducaram” por terem sido “pervertidos” pelos interesses de grandes bancos comerciais.

Disputa

A disputa pelo comando do FMI tem na primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, uma das lideranças europeias mais ativas. Entre seus argumentos para defender para o cargo a ministra da Economia da França, Christine Lagarde, estão o fato de que o prazo do mandato de Strauss-Kahn não terminou, apesar de seu afastamento. “Hoje, o FMI trabalha principalmente para acabar com a crise na Europa”, acrescentou.

Países emergentes, como China, Índia e Brasil, pressionam para aproveitar a crise e aprofundar mudanças. O ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, defendeu publicamente que o 11º diretor do fundo fosse de um desses países. Nas décadas de 1980 e 1990, países latino-americanos sofreram duras crises sociais ao seguir a cartilha de controle fiscal e corte de gastos públicos.

O FMI é dirigido interinamente por John Lipsky, norte-americano que ocupava o segundo posto mais importante na hierarquia. Ele diz que não há pressa na sucessão. “O importante é que seja um dirigente capaz e eficaz”, desconversou. Nenhum outro nome europeu, além da francesa Christine, foi cotado.

Com informações do Sul21 e OperaMundi