Massacre

Às vésperas do Natal, população de Gaza não tem comida, nem água

Segundo novo relatório, pelo menos 576,6 mil pessoas estão sem suprimentos e já enfrentam a fome no território sitiado. Crianças e adolescentes têm acesso apenas à metade do mínimo de água necessário para sobrevivência

Abed Zagout/Anadolu
Abed Zagout/Anadolu
Pondé parece não poupar esforços, embora sem argumentos, para justificar o assassinato de crianças

São Paulo – Agências das Nações Unidas afirmaram, nesta sexta-feira (22), que toda a população de Gaza, de 2,3 milhões de pessoas, corre “risco iminente de fome”. O cenário de grave insegurança alimentar se agrava à medida que os ataques de Israel ao Hamas, em território palestino, se intensificam. O relatório Integrated Food Security Phase Classification (IPC) também divulgou ontem que pelo menos 576,6 mil pessoas esgotaram os suprimentos alimentares e já enfrentam a fome.

O dado indica que uma, em cada quatro pessoas em Gaza, está passando fome porque não há e não entraram alimentos suficientes no enclave sitiado. A proporção de pessoas afetadas é a maior registrada, de acordo com o IPC. E chega a superar a situação de catástrofe de outras nações em guerra, como Afeganistão e Iêmen.

Para a análise, foram levados em conta dados do Programa Alimentar Mundial (PAM), de agências da ONU e de organizações não-governamentais. Iniciada em 7 de outubro, após ataque do Hamas, a ofensiva israelense já provocou a morte de 20.057 palestinos. Mais de 53 mil estão feridos, indica balanço do Ministério da Saúde de Gaza.

Crianças e adolescentes sem água

Entre as vítimas, estão principalmente mulheres e crianças, que também foram forçadas a deixar o território. Relatório do Unicef, publicado ontem, reporta que as crianças e os adolescentes recentemente deslocados no sul da Faixa de Gaza têm acesso a apenas 1,5 a 2 litros de água por dia. Um total muito abaixo dos requisitos recomendados apenas para a sobrevivência, de acordo com estimativas da agência da ONU.

De acordo com os padrões humanitários, a quantidade mínima de água necessária numa emergência é de 15 litros, o que inclui água para beber, lavar e cozinhar. Apenas para sobrevivência, o mínimo estimado é de 3 litros por dia.

Centenas de milhares de pessoas deslocadas internamente – estima-se que metade dessas sejam crianças e adolescentes – chegaram a Rafah, na fronteira com o Egito, desde o início de dezembro. No local, também há escassez de alimentos, abrigo, medicamentos e proteção. À medida que a procura continua aumentando, os sistemas de água e saneamento da cidade encontram-se em estado extremamente crítico. O reinício das hostilidades, aliado à falta de fornecimento de energia, à escassez de combustível, ao acesso restrito e aos danos nas infraestruturas, significa que pelo menos 50% das instalações de água, saneamento e higiene estão danificadas ou destruídas, alerta o Unicef.

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