Evidente genocídio

Ameaça de ataque de Israel a Rafah leva ONGs a cobrar ações de governos: violação do direito humanitário

“Estamos horrorizados”, destacam 25 organizações internacionais em comunicando apelando para que os governos de todo mundo intervenham contra as ordens de Israel de evacuação da cidade que hoje acolhe 1,5 milhão de palestinos

© Unicef/Hassan Islyeh
© Unicef/Hassan Islyeh
Sem intervenção, o governo Netanyahu vêm intensificando a rotina de ataques. Nesta quarta veio à tona que as forças militares do país atingiram comboio da ONU que levava alimentos para os palestinos

São Paulo – Em um comunicado divulgado nesta quarta-feira (21), 25 organizações não-governamentais (ONGs) internacionais cobraram dos governos de todo o mundo que intervenham para impedir novos deslocamentos forçados de palestinos diante da ameaça de Israel de invadir a cidade de Rafah. Na semana passada, o governo sionista de Benjamin Netanyahu anunciou que está preparando um ataque terrestre de grande escala ao território, que fica no sul da Palestina na fronteira com o Egito. O qual poderá invadir até o início do Ramadã, caso o Hamas não liberte os reféns em seu poder.

Considerado um mês sagrado para os muçulmanos, o Ramadã começa em 10 de março. E o plano de Israel vem preocupando as entidades. Principalmente por atingir a cidade que tem sido o ponto de entrada da ajuda humanitária e o único ponto de saída da população de Gaza, que há quatro meses está sob cerco total de Israel. E também por já abrigar 1.5 milhão de palestinos que se refugiram na cidade, após os deslocamentos forçados provocados pelas forças israelenses em Gaza.

Para as entidades, a ameaça é “alarmante”. “Estamos horrorizados com a perspectiva de uma invasão terrestre em Rafah, o que seria absolutamente dramático”, destacam. A nota é assinada por ONGs como a Anistia Internacional, ActionAid, Doctors of the World, entre outras. Elas destacam que o ataque poderia provocar um êxodo da população para Península do Sinai e outros países. E advertem que o deslocamento forçado provocado por Israel configura uma “violação do direito humanitário internacional”.

Israel ataca comboio da ONU

Somente em Gaza, de acordo com dados da ONU, as ordens de evacuação do governo israelenses já provocaram a saída de cerca de 85% da população do território. O documento também chama atenção do mundo para um “cessar-fogo imediato, permanente e condicional”. Assim como para que Israel respeite o direito internacional e para que os refugiados possam regressar à Palestina em segurança.

Israel intensifica bombardeios em Gaza horas antes de Conselho da ONU discutir cessar-fogo

Sem intervenção, o governo Netanyahu vêm intensificando a rotina de ataques e bombardeios em Gaza. Nesta quarta veio à tona que as forças militares do país atingiram um comboio das Nações Unidas que levava alimentos vitais para os palestinos. Ninguém ficou ferido, mas a mercadoria foi destruída. Ontem, a agência da ONU para os refugiados palestinos, a UNRWA, advertiu que os bombardeios israelenses vêm impedindo as operações humanitárias e o abastecimento de alimentos e suprimentos de primeira necessidade nas demais cidades palestinas.

Outras duas agências das Nações Unidas alertaram também que a escassez de alimentos e as doenças no território podem causar uma verdadeira “explosão” de mortes infantis. Iniciada em 7 de outubro, em resposta à morte de 1.160 israelenses, a ofensiva militar de Netanyahu à Palestina já provocou ao menos 29.092 mortos no lado palestino. A maioria das vidas perdidas são de mulheres, adolescentes e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde local. 

Cessar-fogo na ONU

A nações que atuam no Conselho de Segurança da ONU tentaram aprovar nesta terça (20), uma resolução da Argélia exigindo um cessar-fogo imediato por razões humanitárias. Dos 15 países no Conselho, o rascunho recebeu o apoio de 13 nações, enquanto o Reino Unido optou pela abstenção e os Estados Unidos vetaram o texto. Com 15 membros, o conselho demanda que uma resolução, para ser aprovada, precisa que 9 deles votem a favor e que nenhum dos cinco membros permanentes (EUA, França, Reino Unido, Rússia e China) vete a proposta.

Os EUA vêem alegando que devem apresentar uma outra proposta, que incluiria um cessar-fogo temporário com base na liberação de todos os reféns e condenando o Hamas. Esta seria a primeira vez que o país apoiaria um cessar-fogo temporário em Gaza. O rascunho também inclui o alerta de que uma ofensiva terrestre em Rafah “causará mais danos aos civis e mais deslocamentos”.

Com informações da Agência Lusa e da RTP