Fim do absurdo

Judeus levantam vozes contra o massacre de palestinos por Israel

O coletivo Vozes Judaicas por Libertação pede boicote a Israel pelo fim do massacre em Gaza. Enquanto isso, o Brasil manda missão humanitária

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De acordo com estudos, há uma queda de cerca de 96% na atividade econômica. Outros setores vitais, como agricultura, manufatura e serviços, também estão comprometidos

São Paulo – Judeus brasileiros se levantam contra o massacre de Israel contra palestinos na Faixa de Gaza. O coletivo Vozes Judaicas por Libertação chama a atenção para o extermínio sistemático dos árabes na região, que acontece desde a fundação do Estado de Israel, em 1948. Mais recentemente, desde outubro, Israel iniciou uma das fases mais violentas desse processo. Já são mais de 20 mil mortos, sendo cerca de 10 mil crianças. Diante disso, o coletivo pede que o Brasil adira a um boicote.

“Perante o genocídio em Gaza, prestar solidariedade de forma concreta ao povo palestino se dá através do boicote a Israel. Nosso coletivo apoia o movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), uma forma de resistência não violenta lançada pela sociedade civil palestina em 2006, como um apelo à comunidade internacional para pressionar Israel a respeitar o direito internacional”, informam os judeus, em nota divulgada nesta semana.

O coletivo cobra um cessar-fogo imediato, além do acompanhamento da comunidade internacional para garantir a vida e os direitos humanos básicos dos palestinos. São reivindicações diretas. “O fim da ocupação israelense nos territórios invadidos desde 1967. Garantia do direito de retorno aos refugiados expulsos de suas casas desde a criação do Estado. Cidadania plena com direitos iguais a todos os habitantes do território. Esses três pontos reivindicados pelo movimento não definem de antemão estruturas políticas específicas, havendo espaço para a negociação de como serão implementados.”

Acordos militares

Assim, os judeus pedem que o governo Luiz Inácio Lula da Silva ajude na questão palestina. Basicamente, rompendo alianças militares costuradas durante governos de direita e de extrema direita no Brasil. “Acreditamos ser de vital importância que o governo brasileiro rompa essas relações, em especial os acordos firmados nos últimos anos pelas gestões dos presidentes Temer e Bolsonaro, e aprovados pela Câmara dos Deputados no dia 18 de Outubro deste ano, enquanto assistíamos ao vivo o maior massacre contra o povo palestino já perpetrado na história.”

“Os acordos aprofundam não só a cumplicidade do Brasil com os crimes contra a humanidade perpetrados por Israel, como dão aval para que o genocídio e o apartheid continuem. Além disso, a importação brasileira de tecnologias militares e de controle de populações agravam as violações de direitos humanos. Não é suficiente que o atual governo admita que há um genocídio em curso, mas que mantenha esse tipo de cooperação com seus perpetradores”, completa.

Por fim, o coletivo ressalta a necessidade de cessar com qualquer forma de discriminação. E lembra que o boicote não tem como alvo judeus. Mas sim o regime sionista de Benjamin Netanyahu que perpetua o massacre palestino. “O boicote se dirige a instituições e não a indivíduos, sendo uma estratégia de defesa e um recurso de pressão política desvinculado de quaisquer discursos de ódio de caráter discriminatório contra judeus. É urgente que o mundo se mobilize perante o Estado israelense, que constantemente ignora dezenas de leis internacionais e embarca tranquilamente em crimes de guerra.”

Resgate em Gaza

Enquanto judeus levantam vozes contra os abusos de Israel, o governo brasileiro segue tentando tirar o máximo de pessoas da Faixa de Gaza. Uma aeronave KC-30 (Airbus A330 200), da Força Aérea Brasileira (FAB), decolou na manhã desta quinta-feira (21), rumo ao Aeroporto Internacional do Cairo, no Egito. Lá, deve resgatar brasileiros e parentes que queiram vir ao Brasil. Será a terceira missão de resgate em Gaza, que já resgatou 102 pessoas. Além disso, o governo providenciou transporte para a repatriação de 1.413 brasileiros que estavam em Israel, em 11 voos.

Sobre a missão de hoje, não há informações sobre o número de pessoas que retornarão ao país. Além de trazer os brasileiros, o avião está levando um carregamento humanitário de seis toneladas, doado pelo governo brasileiro, com 150 purificadores de água portáteis, equipados com kit voltaico (painel solar, inversor veicular e controlador de carga) para ampliar sua autonomia de energia. A expectativa de retorno para o Brasil é já no próximo sábado (23).

Com informações da Agência Brasil