Cacerolazos

Argentinos voltam às ruas pelo segundo dia contra ‘decretaço’ de Milei; centrais falam em greve geral

No Congresso, a avaliação é de que o decreto tem mais chances de ser rejeitado do que aprovado

Leandro Teysseire/Página 12
Leandro Teysseire/Página 12
Anunciado quarta (20), decreto retira garantias trabalhistas e de saúde, e permite a venda de terras a estrangeiros e de empresas estatais, entre outras medidas ultraliberais

São Paulo – Manifestantes voltaram às ruas na Argentina na noite de ontem (21) contra o Decreto de Necessidade de Urgência (DNU), que revoga direitos trabalhistas, de saúde e da educação e moradia, entre outros. O chamado cancelorazo foi registrado em diversas cidades, como a capital, Buenos Aires, Córdoba, Rosário, Santa Fé e Mar del Prata. E também em Bariloche, Salta, San Miguel, Chaco e Mendoza.

Na capital, os argentinos realizaram um “panelaço” em frente ao Congresso. O grupo, no entanto, foi afastado pelas forças policiais, autorizadas a impedir o direito de manifestação devido a um novo código de “segurança” autorizado pelo novo governo.

Anunciado na quarta (20), o decreto altera 350 normas que retira intervenções estatais na economia e faz ajustes ultraliberais, extremamente rígidos. Entre as medidas estão revogações nas leis do aluguel, abertura total às privatizações (inclusive dos clubes de futebol), desregulamentação dos serviços de internet, “modernização” da lei trabalhista, reforma do Código Aduaneiro, para abrir o comércio internacional no país. “Todas as empresas estatais podem ser privatizadas”, declarou Milei.

Logo após a divulgação, ao menos 50 mil argentinos foram às ruas de Buenos Aires. Do lado do governo, como esperado, houve intensa repressão policial apesar dos atos pacíficos. Em Córdoba, cinco manifestantes foram presos, segundo o Ministério Público.

Possibilidade de greve geral na Argentina

A Conferederación General del Trabajo de la República Argentina (CGT), central sindical histórica do país, reconheceu nesta quinta que há possibilidade de uma greve geral nacional. As centrais sindicais passaram o dia reunidos com parlamentares da oposição debatendo ações para impedir a vigência do decreto de Milei.

Inicialmente, a principal aposta será jurídica, com o ingresso de ações, questionando a medida, e recursos para proteção das garantias sociais. O plano também inclui a formação de uma frente, com diferentes partidos que já se manifestaram pela rejeição ao “decretaço”. Além da ala peronista, partidos como o socialista UCR e a Coalizão Cívica, do ex-candidato à vice-presidência Miguel Angel Pichetto, também contestaram as medidas. A oposição também inclui o setor do conservador PRO, associado à figura do prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta.

No Congresso, a avaliação das forças políticas é de que o decreto tem mais chances de ser rejeitado do que aprovado. De acordo com informações do jornal argentino Página 12, líderes de setores radicais, como o deputado Martín Tetaz, consideram que há itens dentro do decreto que não passam pelo crivo parlamentar.

Redação: Clara Assunção


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