São Paulo – A guerra entre Rússia e Ucrânia está em 49º dia e, na avaliação do professor do Departamento de Relações Internacionais da PUC-SP Reginaldo Nasser, o principal protagonista do conflito são os Estados Unidos. Enquanto o confronto armado no Leste Europeu necessita de uma intermediação pela paz, o país norte-americano trabalha pela manutenção da guerra.

Uma reportagem do jornalista Jim Lobe, do Responsible Statecraft, mostra que as três maiores emissores de televisão dos Estados Unidos, a ABC, CBS e NBC, ao cobrir a guerra entre Rússia e Ucrânia, já passaram excederam o tempo cobertura de todas as outras guerras nos últimos 31 anos, inclusive o conflito no Iraque, em 1991, onde haviam tropas americanas.

Para o professor da PUC, ver os Estados Unidos tão empenhado na guerra do Leste da Europa mostra que há um protagonismo do país em busca da manutenção do conflito. “O EUA é o principal protagonista. Desde a reunião do Joe Biden e o Vladimir Putin, no ano passado, os americanos conduzem tudo em busca da guerra. O Biden tem dado declarações que apenas queimam as pontes. Ele tem dado apoio material aos ucranianos, enviando milhões de dólares em armas. É uma guerra patrocinada”, afirmou Nasser, em entrevista ao jornalista Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual.

Rússia x Ucrânia

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse, nesta terça-feira (12), que as negociações de paz com a Ucrânia chegaram a um “beco sem saída”, porque Kiev mudou as posições que havia apresentado no encontro dos negociadores em Istambul, em 29 de março. Sem um acordo,”a operação militar continuará”, de acordo com ele.

Na avaliação de Reginaldo Nasser, os objetivos da guerra entre Rússia e Ucrânia estão mudando, ao longo do conflito. “A guerra tem objetivos declarados e também aqueles que são implícitos, e esses são os entraves. A resistência ucraniana foi além do esperado e, agora, o objetivo deles é vencer a guerra. Do outro lado, a Rússia estendeu o território ocupado e tomou boa parte do território. Os russos não vão sair do país vizinho por boa vontade também. Então, é uma guerra que deverá se prolongar”, explica.

Mais de 1 mil soldados ucranianos se renderam às tropas russas na cidade de Mariupol, cercada há várias semanas, afirmou hoje o ministério russo da Defesa. Na leitura de Nasser, o confronto deve se acirrar nos próximos dias. “A Rússia queria derrubar o governo da Ucrânia, por isso queriam chegar em Kiev. Então eu acredito que as pretensões, hoje, sejam ocupar todo o leste ucraniano. O porto da cidade de Mariupol tem uma pequena resistência e a perda dele será uma perda gigante para a Ucrânia. A concentração de força no Leste é uma tentativa de fortalecer os exércitos separatistas e poderemos ver uma grande batalha nos moldes da Segunda Guerra Mundial”, alertou.