23º dia do conflito

‘Brics não aceitarão tutela dos Estados Unidos’, afirma chanceler russo

Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que os Estados Unidos lutam por um “mundo unipolar” para ser uma “aldeia americana”. Guerra na Ucrânia é um dos assuntos previstos na conversa entre Biden e Xi Jinping nesta sexta (18)

Marcelo camargo/ABr
Marcelo camargo/ABr
"Mas há países que não concordam com uma aldeia global com um xerife americano, estando a China, o Brasil, a Rússia, Índia e o México entre os que não querem ser obrigados a prestar continência", disparou

São Paulo – O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, declarou nesta sexta-feira (18) que a China, o Brasil, a Índia e o México, países que formam o Brics, “não irão dançar conforme a vontade” de um “xerife estadunidense”. Em entrevista ao canal russo RT, o chanceler afirmou que os Estados Unidos estão lutando por um “mundo unipolar” que “não será uma aldeia global, mas uma aldeia americana”. 

“Mas há países que não concordam com uma aldeia global com um xerife americano, estando a China, o Brasil, a Rússia, Índia e o México entre os que não querem ser obrigados a prestar continência”, pontuou Lavrov. Nesta quarta-feira (16), nenhum dos países membros dos Brics votou na Organização das Nações Unidas (ONU) pela resolução contra Moscou em função do conflito na Ucrânia, analisada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O texto acabou sendo aprovado por 33 votos, mas com um número elevado de abstenções – 24. Apenas a Rússia votou contra.

No caso da diplomacia brasileira, esta foi a primeira vez que o Itamaraty não apoiou uma resolução da ONU condenando Moscou desde o início da guerra. Segundo informações do correspondente internacional Jamil Chade, do portal UOL, o governo federal declarou que a opção pela abstenção seguiu o mesmo princípio adotado pelos Brics, Arábia Saudita e Quênia. Os diplomatas disseram que a meta é criar condições para que haja uma redução da tensão, e não encurralar a Rússia

‘Querem um Ucrânia anti-Rússia’

Em sua fala, Lavrov comentava sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, que entrou hoje em seu 23º dia. Segundo o ministro, a situação atual nas relações entre os dois países é “anômala”. Mas o chanceler também manifestou esperança de que o conflito “acabe gradualmente”. Ele criticou, no entanto, a postura dos Estados Unidos e do chamado Ocidente como empecilho contra esses esforços. “Eles tentaram fazer da Ucrânia uma anti-Rússia, usando diferentes ferramentas”, disse. “(Mas) estou certo de que a proximidade histórica dos dois povos irmãos prevalecerá.” 

Lavrov destacou ainda que a Rússia está habituada às sanções impostas e que elas devem continuar. O chanceler afirmou que o presidente ucraniano Vladimir Zelensky vem incitando constantemente o presidente dos EUA, Joe Biden, a tomar uma postura de confronto contra a Rússia. Segundo ele, o governo de Moscou precisar obter garantias de segurança que sejam mútuas para a Rússia, Ucrânia e toda a Europa. 

“O objetivo da operação é proteger a população civil, que tem sido constantemente morta e atacada há oito anos. A meta de desmilitarização da Ucrânia é para que tal ameaça não provenha do território ucraniano, bem como para obtenção de garantias de segurança que se basearão no princípio da segurança comum indivisível para Ucrânia, para Rússia e para todos os países europeus. É o que nós temos proposto há muitos anos”, afirmou Lavrov. 

Ligação entre China e EUA

A entrevista do ministro russo ocorreu às vésperas de uma conversa entre Joe Biden e o presidente da China, Xi Jinping. A Casa Branca anunciou para hoje uma ligação entre os dois líderes, a primeira conversa entre ambos após o início da guerra entre Ucrânia e Rússia, deflagrada em 24 de fevereiro. O governo estadunidense garantiu que a intenção é falar sobre a posição chinesa no conflito, mas também deve se concentrar “no gerenciamento da competição entre os dois países” e em “outras questões de interesse mútuo”. 

O Ministério das Relações Exteriores da China culpa os Estados Unidos de “alimentar” as tensões entre Rússia e Ucrânia. O horário da conversa ainda não foi divulgado.

(*) Com informações da agência Sputnik Brasil