Tensão na Europa

Rússia anuncia nova disposição da Ucrânia em negociar cessar fogo

Encontro de cúpula deve ocorrer na Bielorrúsia. Anúncio contraria intransigência do presidente da Ucrânia, enquanto China divulga posts acusando EUA de “a grande ameaça”

Arquivo pessoal/Twitter
Arquivo pessoal/Twitter
Ofensiva da Rússia explode ponte em cidade próxima à capital ucraniana, Kiev

São Paulo – No quarto dia de operações militares da Rússia na Ucrânia, o governo de Kiev anunciou que concorda em realizar negociações de paz na região belarussa de Gomel, conforme informações da Sputnik News da manhã deste domingo (27). Segundo a agência, o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov, disse que “a delegação da Rússia que está no local está completamente pronta para as negociações, aguardando os ucranianos.”

Ainda segundo a Sputnik, a garantia de que diplomaras da Ucrânia estariam dispostos a encontrar equivalentes da Rússia em Gomel foi dada pelo próprio presidente belarusso, Aleksandr Lukashenko. Em resposta, o líder da delegação russa em Gomel, Vladimir Medinsky, afirmou que espera que a reunião ocorra o mais rápido possível. “Cada hora para nós é uma vida salva”, disse o diplomata.

Por sua vez, Peskov confirmou também que a Rússia está pronta para negociar com o lado ucraniano a fim de atingir a paz em qualquer momento. Contudo, outro representante do governo de Vladimir Putin, Leonid Slutsky, disse que a delegação deverá manter sua posição “bem intransigente” nas conversações com a Ucrânia.

Na manhã do sábado (26), o Kremlin informou que havia suspendido os ataques contra a Ucrânia, diante da possibilidade do governo vizinho aceitar uma negociação. Mais tarde, entretanto, o governo russo anunciou que as intervenções militares foram retomadas. A razão para a medida foi que os ucranianos haviam desistido de negociar, afirmando que a possibilidade de uma reunião de cúpula para debater o cessar-fogo era “fake news”.

Zelensky “perdido”

O presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky, foi desmentido pelo secretário de imprensa de seu próprio governo, Sergey Nikiforovporta, em relação à disposição de aceitar negociações de paz com a Rússia.

Vestido com roupas militares, Zelensky divulgou um vídeo gravado em formato de selfie em frente à Casa Gorodetsky, edifício histórico da Ucrânia que fica em frente à sede do governo. “Eu estou aqui. Não vamos depor nenhuma arma. Defenderemos nosso Estado porque nossas armas são nossa verdade”, afirma no post.

Por outro lado, o porta-voz presidencial Nikiforov, disse em sua conta no Facebook que a Ucrânia “sempre esteve e está pronta para negociar a paz e um cessar-fogo” e que aceita iniciar as negociações com Putin. “Tenho que refutar as alegações de que nos recusamos a conversar. A Ucrânia sempre esteve e está pronta para negociar a paz e um cessar-fogo. É nossa posição permanente. Aceitamos a proposta do presidente russo”, escreveu.

O grande perigo

Ainda no sábado, a embaixada da China na Rússia qualificou os Estados Unidos de “ameaça real ao mundo”. Entre os comunicados, pelo Twitter, diplomatas chineses em Moscou compartilharam uma imagem anteriormente divulgada por Zhao Lijian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China. Ela enumera os países que foram bombardeados por Washington desde a Segunda Guerra Mundial. “Nunca se esqueçam quem é a verdadeira ameaça ao mundo”, lê-se na mensagem.

Além disso, a embaixada da China ressaltou que país atualmente governado pelo democrata Joe Biden é “culpado das atuais tensões em torno da Ucrânia”, acrescentando que “se alguém continua jogando óleo na chama enquanto acusa outros de não fazerem o seu melhor para apagar o fogo, esse tipo de comportamento é claramente irresponsável e imoral”.

Anteriormente Pequim pediu que as exigências de segurança da Rússia fossem levadas em consideração nas condições de expansão da Otan. A inclusão de novos países ao tratado é a posição defendida pelos Estados Unidos, o que vai fortalecer a presença de forças militares simpatizantes aos americanos na Europa.

Em um post de 25 de fevereiro, o enunciado afirma: “Entre os 248 conflitos armados ocorridos em 153 regiões do mundo de 1945 a 2001, 201 foram iniciados pelos Estados Unidos, representando 81% do número total.”

Ocidente “obediente”

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou neste sábado que pretende enviar armas para as Forças Armadas da Ucrânia agirem contra os ataques militares que estão sendo feitos no país pela Rússia desde a última quinta-feira (24).

Segundo Scholz, os militares ucranianos receberão mil armas antitanque e 500 mísseis alemães. “Os ataques russos marcam um ponto de virada. É nosso dever fazer o nosso melhor para ajudar a Ucrânia a se defender contra o exército invasor de Putin”, afirmou o líder social-democrata alemão.

Mais cedo, o governo da Holanda já havia anunciado a doação de 200 foguetes de defesa aérea para a Ucrânia. Os Estados Unidos também resolveram agir para além das sanções econômicas: doaram US$ 350 milhões em assistência militar.