Guerra na Europa

‘Nunca permitiremos que a Ucrânia sirva como área intermediária para ações contra o nosso país’, diz Putin

Líder russo está determinado a evitar a qualquer custo uma ainda maior aproximação da Otan a suas fronteiras. Moscou quer Ucrânia com status neutro e desmilitarizada

Sputnik / Aleksei Nikolsky
Sputnik / Aleksei Nikolsky
"Simplesmente não nos deixaram quaisquer opções de resolver pacificamente os problemas", diz Putin

São Paulo – “Garantiremos a segurança da Rússia e do nosso povo e nunca permitiremos que a Ucrânia sirva como área intermediária para ações agressivas contra o nosso país.” A declaração do presidente russo, Vladimir Putin, nesta quarta-feira (16), não dá margem a dúvidas. O líder está determinado a evitar a qualquer custo uma aproximação ainda maior da Otan e forças sob influência dos Estados Unidos de suas fronteiras.

Desde o fim da União Soviética, nos anos 1990, a organização militar atlântica vem incorporando países do leste europeu, inclusive os ex-membros da URSS Estônia, Lituânia e Letônia. Putin destacou que a solução diplomática foi tentada pela Rússia, mas o Ocidente ignorou todas as tentativas. “Simplesmente não nos deixaram opções de resolver os problemas pacificamente. Fomos forçados a lançar uma operação militar especial”, disse.

Putin acrescentou, em sua fala de hoje, que, sobre “o status neutro da Ucrânia e sobre a desmilitarização e desnazificação (da Ucrânia), estávamos e continuamos prontos para discutir durante as negociações”. O Kremlin considera que a criação de uma Ucrânia desmilitarizada, como a Áustria e Suécia, poderia ser um compromisso possível.

O presidente russo afirmou ainda que “a operação militar especial está avançando em estrita conformidade com os planos anteriormente determinados”. Destacou que não tem a intenção de ocupar o território da Ucrânia. “O aparecimento de tropas russas perto de Kiev e de outras cidades da Ucrânia não tem nada a ver com intenção de ocupar este país. Não temos este objetivo”, afirmou. As declarações foram dadas durante reunião relatada pelo Sputnik Brasil.

O Kremlin tem enfatizado desde o inicio do conflito que o atual governo ucraniano é sustentado pelo Ocidente, que derrubou seu antigo aliado Viktor Yanukovych para colocar em seu lugar Volodymyr Zelensky. Putin disse ainda, hoje, que “para o regime de Kiev, ao qual os seus donos ocidentais definiram a tarefa de criar um país agressivo anti-Rússia, o destino do próprio povo da Ucrânia não faz diferença.”

Armas biológicas e os EUA

Esta semana se consolidaram as denúncias de que a Ucrânia mantém laboratórios de armas biológicas. Na semana passada, o Ministério das Relações Exteriores da China denunciou que os Estados Unidos têm 336 laboratórios em 30 países sob seu controle. Desses, 26 estariam somente na Ucrânia. Já a chancelaria russa afirmou que Moscou obteve documentos que provariam a existência de laboratórios biológicos ucranianos perto das fronteiras russas que trabalhavam para desenvolver armas biológicas.

Na semana passada, a subsecretária de Estado para Assuntos Políticos dos EUA, Victoria Nuland, admitiu que “a Ucrânia tem instalações de pesquisa biológica”. Mais do que isso, reconheceu que os EUA estão “bastante preocupados que as tropas russas, as forças russas, podem estar procurando tomar o controle (desses laboratórios)”. O relato pode ser lido em matéria do jornalista Glenn Grenwald.

Segundo Putin, “não faz diferença” para o governo Zelensky mantido pelo Ocidente que “nas cidades tomadas pelos neonazistas e criminosos armados libertados da prisão esteja ocorrendo uma verdadeira catástrofe humanitária”. De acordo com ele, “os patronos ocidentais simplesmente encorajam as autoridades de Kiev a continuar o derramamento de sangue, fornecendo mais e mais armas”, além de “conselheiros militares e mercenários”.

Possível cessar-fogo?

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, observou que Putin e Zelensky podem e devem se reunir, mas para uma pauta objetiva como “registrar os acordos”. Segundo o jornal britânico Financial Times, ambos os países estão elaborando um plano que contempla um cessar-fogo e a retirada das tropas russas, se for garantida a neutralidade da Ucrânia e a redução dos efetivos militares do país. Peskov não quis comentar a informação.

Ainda segundo o Sputnik, o secretário do Conselho da Segurança russo, Nikolai Patrushev, disse em conversa telefônica com o assessor de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, que os norte-americanos devem se obrigar a abandonar o apoio aos neonazistas na Ucrânia. Patrushev informou que Kiev atrasa as negociações seguindo conselhos do Ocidente, o que, para Moscou, é inaceitável.

Leia mais: