DIÁLOGO

Para acabar com a guerra, Rússia e Estados Unidos precisam conversar, diz professor

Reginaldo Nasser afirma que ritmo das conversas entre russos e ucranianos fará conflito demorar para ser encerrado

Jernej Furman/Flickr
Jernej Furman/Flickr
É preciso considerar, para além dos interesses russos, também os dos Estados Unidos na Ucrânia, em especial quanto às reservas de gás e óleo da Eurásia

São Paulo – As negociações para o cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia caminham a passos lentos, sem previsão de encerrar o conflito, e a única solução para o fim da guerra é a presença dos Estados Unidos no diálogo. A avaliação é do professor do Departamento de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Reginaldo Nasser.

Na tarde dessa quinta-feira (3), representantes do governo russo e ucraniano realizaram uma segunda rodada de negociações, mas não chegaram a um acordo para o fim da guerra. Entretanto, a conversa terminou com alguns avanços na questão humanitária, como a garantia de corredores para a o trânsito e evacuação de civis que tentam fugir dos combates. A entrega de medicamentos e alimentos também está na agenda.

Na avaliação de Reginaldo Nasser, há algumas demandas russas que serão difíceis de serem concluídas, como a desmilitarização da Ucrânia. Na avaliação dele, o tema fundamental que levou aos ataques da Rússia é a presença da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no país vizinho e, por isso, os Estados Unidos precisam se juntar às negociações.

Para um acordo de paz ir adiante, é preciso ter outras potências sentadas à mesa. Esse corredor humanitário é uma medida importante, mas ainda é muito básico. O acordo de paz está muito longe. Para resolver esse conflito, a Rússia precisa sentar-se com a Otan, ou seja, os Estados Unidos precisam se juntar à mesa. É guerra de gente grande. O Zelensky (presidente ucraniano) está usando a guerra para capitalizar apoio, mas nada objetivo que ajude a resolver o conflito”, afirmou Nasser, em entrevista a Rodrigo Gomes, da Rádio Brasil Atual, nesta sexta-feira (4).

Avanço das tropas russas

Após as negociações, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, deu indicações de que não recuará na guerra. “Russos e ucranianos são uma nação. Eu nunca vou desistir disso”, enfatizou. Destacou ainda que “grupos nacionalistas e neonazistas, mercenários estrangeiros, incluindo do Oriente Médio, estão usando civis como escudos humanos”. Putin reafirmou que “há dados absolutamente objetivos, fotos de como eles colocam equipamentos militares pesados em áreas residenciais das cidades”.

As forças da Rússia tomaram, na madrugada de hoje, a usina nuclear de Zaporozhie, no sul da Ucrânia. Um bombardeio russo provocou um incêndio no território da usina. A instalação encontra-se na cidade de Energodar e é a maior usina nuclear na Europa. Cerca de 25% da energia ucraniana é fornecida pela usina, o que também a torna um ativo central para qualquer força invasora ou defensora.

O assessor presidencial da Ucrânia Mykhailo Podolyak disse que os dois lados preveem o possível cessar-fogo temporário para permitir a retirada de civis e a criação dos corredores humanitários para a saída da população civil. Esse cessar-fogo temporário, entretanto, deve ser costurado em uma terceira rodada de negociações entre os dois países, que já foi acordada, mas ainda não tem data oficial exata para acontecer.

Confira a entrevista


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