INCERTEZAS

Próxima reunião entre Rússia e Ucrânia não tem boas perspectivas, diz analista

Ambos os países não abrem mão de suas demandas e dificultam fim da guerra, avalia o doutor em Relações Internacionais Vinícius Rodrigues Vieira

Sputnik / Sergei Gunieev
Sputnik / Sergei Gunieev
Na avaliação do doutor em Relações Internacionais Vinícius Rodrigues Vieira, é necessário uma mediação mais forte, como da China, para que as negociações evoluam

São Paulo – Os representantes de governos de Rússia e Ucrânia deverão se reunir nas próximas horas para negociar um acordo de paz. Assim como a primeira rodada de conversas na última segunda-feira (28), o segundo encontro também não deverá ter um desfecho que garanta o cessar-fogo. Na avaliação do doutor em Relações Internacionais e professor da Faap Vinícius Rodrigues Vieira, é necessário uma mediação mais forte para que as negociações evoluam.

“A perspectiva não é a melhor por conta das demandas. A Rússia dificilmente concordará com o cessar-fogo, porque quer derrubar o atual governo ucraniano, que por outro lado defende sua soberania. Então, não vejo alguma saída para uma reunião. É preciso de uma mediação verdadeira, talvez com a China nesse papel”, afirmou o especialista, em entrevista ao jornalista Rodrigo Gomes, da Rádio Brasil Atual.

O presidente da França, Emmanuel Macron, disse, na última terça-feira (1º), que conversou “diversas vezes” com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e que, a pedido do ucraniano, fez uma ligação a Vladimir Putin, que sinalizou para um acordo de paz. Entretanto, o líder russo pediu que os interesses de seu país sejam levados em consideração, como a indexação da Crimeia, o fim da expansão da Otan no Leste Europeu e a desmilitarização da Ucrânia.

Para o especialista em Relações Internacionais, é difícil a própria Ucrânia aceitar o acordo proposto. “A Ucrânia é um país dividido, entre defensores do Ocidente e da Rússia. E o atual governo foi eleito sob o pretexto de se aproximar da União Europeia. Além disso, a demanda da desmilitarização não é explícita por parte de Putin, mas ele quer ouvir dos ucranianos que não se unirão à Otan, que é a maior preocupação da Rússia”, disse.

Invasão em Kiev

Imagens de satélite, divulgadas pela empresa de tecnologia espacial norte-americana Maxar, mostraram que as forças terrestres russas continuam se aproximando de Kiev, capital da Ucrânia. Uma explosão atingiu, ainda ontem, a principal torre de TV em Kiev, capital da Ucrânia. Segundo o prefeito, Vitali Klitschko, dois mísseis atingiram a estrutura.

Apesar do avanço das tropas, analistas dizem a velocidade da ofensiva não foi como estava previsto. “Os Russos acharam que seria algo mais rápido e a queda do governo não aconteceu. Então, o Putin pode se sentir derrotado e reagir de modo desproporcional. Minha leitura é que a Rússia não conseguiu tomar Kiev de imediato, mas cercou o território ucraniano, principalmente as saídas para o mar. Parece que a Ucrânia ainda não acenou para uma bandeira branca, com o apoio do Ocidente e também para manter sua soberania”, explica Vinicius.

Kiev abriga a sede do governo federal e a residência oficial do presidente Zelensky. Segundo informou a Maxar, os veículos russos ocupam uma área que vai “dos arredores do aeroporto Antonov (cerca de 25 km do centro de Kiev) no sul, até os arredores de Prybirsk, no norte”. 

Confira a entrevista