Descontrole

Rússia amplia ataques, explode torre de TV e alerta civis a deixar Kiev. China sinaliza mediação

Mísseis disparados contra torre de TV em Kiev deixam cinco mortos. China muda o tom e se diz preocupada. Nova reunião entre os países é esperada para esta quarta

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São Paulo – Uma explosão atingiu nesta terça-feira (1º) a principal torre de TV em Kiev, capital da Ucrânia. Segundo o prefeito, Vitali Klitschko, dois mísseis atingiram a estrutura. O governo da Ucrânia informou que cinco pessoas morreram e outras cinco se feriram. As vítimas, segundo a prefeitura, passavam pela calçada no momento do impacto. Pela manhã, o Ministério da Defesa da Rússia havia alertado, em nota, que realizaria ataques contra prédios do Serviço de Segurança da Ucrânia e do 72º Centro Principal de Informações e Operações Psicológicas em Kiev. “Pedimos para que os cidadãos ucranianos envolvidos em provocações contra a Rússia, bem como os residentes de Kiev, que vivem perto de estações de retransmissão, deixem suas casas”, dizia o comunicado. Representantes dos governos dos dois países devem tentar nova reunião de negociações nesta quarta (2).

Imagens da explosão divulgadas pelo governo ucraniano mostram uma coluna de fogo e fumaça subindo pela torre, que permanece de pé. Pelo Telegram, o país informou que os canais ficarão fora do ar temporariamente: “Em breve, a energia de backup será ligada para restabelecer a transmissão”.

Ataques a alvos do Serviço de Segurança da Ucrânia e do 72º Centro Principal de Informações e Operações Psicológicas em Kiev já haviam sido comunicados pelo Ministério da Defesa da Rússia, pouco antes da explosão na torre. A autoridade russa pediu que moradores deixassem suas casas. 

Segundo Moscou, a ação é uma forma de “suprimir ataques de informação contra a Rússia”. O governo russo garante que tem concentrado o poder de fogo em alvos militares, embora imagens divulgadas pelo governo de Volodymyr Zelensky mostrem mísseis atingindo prédios civis. 

Rússia posiciona artilharia perto de Kiev  

A pressão sobre Kiev se intensifica, desde domingo, com a presença de um megacomboio militar liderado pela Rússia nos arredores da capital ucraniana. A ação acendeu o alerta da autoridades para um possível cerco e invasão da cidade, no sexto dia de conflito na região.

A coluna de veículos e peças de artilharia se estende por 60 quilômetros nos arredores da capital ucraniana, conforme imagens de satélite divulgadas pela empresa de tecnologia espacial norte-americana Maxar. 

Kiev abriga a sede do governo federal e a residência oficial do presidente Zelensky. Segundo informou a Maxar, os veículos russos ocupam uma área que vai “dos arredores do aeroporto Antonov (cerca de 25 km do centro de Kiev) no sul, até os arredores de Prybirsk, no norte”. 

O aeroporto é considerado uma infraestrutura estratégica para as forças russas e tem sido palco de combates desde o início da ofensiva. Kiev já havia sido atacada na segunda-feira (28), após reunião entre delegações da Rússia e da Ucrânia que terminou sem acordo. Uma nova rodada de negociações está prevista para os próximos dias, sem data definida. 

Mortos, feridos e refugiados 

Até ontem (28), o Ministério da Saúde ucraniano havia confirmado 352 mortes desde o início do conflito, sem informar quantos eram civis e quantos eram militares. Já o número de civis feridos era de 2.040, 45 deles crianças, segundo a mesma fonte.

Moscou admitiu, pela primeira vez nesta segunda-feira, haver baixas russas no conflito, sem especificar a quantidade. A Ucrânia, por sua vez, diz que mais de 4,5 mil soldados russos morreram no conflito. O número de refugiados ucranianos se dirigindo aos países vizinhos para já passa de 670 mil, de acordo como a Agência da ONU para Refugiados (Acnur).

China e pedidos de mediação

O governo da China, principal aliado da Rússia, teria pela primeira vez manifestado incômodo em relação ao conflito com a Ucrânia. Em contato telefônico pedido pelo chanceler Dmytro Kuleba, o ministro chinês de Relações Exteriores, Wang Yi, teria afirmado que a situação preocupa Pequim. Na reunião do Conselho de Segurança da ONU que tratou de condenar a Rússia pela invasão da Ucrânia, a China se absteve. Agora, começa a mudar o tom, ao afirmar ao ministro ucraniano estar insatisfeita com o cenário.

O telefonema ocorre em meio à ampliação da ofensiva russa na Ucrânia nesta terça-feira (1º). Kuleba pediu a mediação da China para “alcançar um cessar-fogo” e assegurado que seu país pretende prosseguir nas tentativas de negociações com a Rússia.

“Diante da expansão dos combates, a prioridade é amenizar a situação no terreno tanto quanto seja possível para evitar que o conflito saia de controle”, disse o chanceler chinês. “A segurança de um país não pode vir às custas dos outros, nem por meio da expansão de alianças militares.”

Com informações de Brasil de Fato de O Estado de S. Paulo