Diálogo?

Rússia e Ucrânia fazem primeira reunião, após cinco dias de guerra

Rússia apela para que civis deixem Kiev e acusa Ucrânia de usar cidadãos como escudos

Sergei Kholodilin/BelTA/Handout
Sergei Kholodilin/BelTA/Handout
Representantes do governo da Ucrânia chegam à fronteira com Bielorússia para primeira reunião com delegação russo desde o início da guerra

São Paulo – Representantes dos governos da Rússia e da Ucrânia se reúnem na manhã desta segunda-feira (28) com objetivo de negociar um cessar fogo. O governo ucraniano exige o fim da operação militar iniciada no último dia 24 sob ordens do presidente russo Vladimir Putin. A Rússia por sua vez defende que a Otan, aliança militar liderada pelos Estados Unidos na Europa, interrompa sua expansão pelo continente. Mas não informou que posição pretende levar à reunião. O encontro entre os dois governos ocorre na região da fronteira com a Bielorússia. Entretanto, o chefe de governo da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, já afirmou em pronunciamento que não tem grande expectativas em relação à Rússia.

O governo russo vem apelando para que civis deixem a capital Kiev “livremente” e acusa o governo de Volodymyr Zelensky de usar cidadãos ucranianos como escudos humanos. A Rússia afirma ainda que “ataca apenas objetos militares” e que a população civil não estará em risco. O Kremlin esperava que as negociações tivessem início ainda ontem (27), mas o governo ucraniano alegou temer falta de segurança na mediação conduzida por pela Bielorússia. Enquanto isso, as ações militares prosseguiram com registros de explosões na capital e também em Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia.


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Desde o início da operação militar, que entra em seu quinto dia, crescem as manifestações pelo mundo contrárias à guerra. Neste domingo, houve protestos em pelo menos seis capitais europeias, sendo o maior deles em Berlim, com mais de 100 mil pessoas. Além disso, Estados Unidos e União Europeia vêm aplicando uma série de sanções à Rússia, que vão do fechamento do espaço aéreo ao bloqueio de movimentações financeira. Veículos de imprensa também vêm sendo censurados. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que as estatais Russia Today e Sputnik “não poderão mais espalhar suas mentiras para justificar a guerra de Putin”. O governo russo, por sua vez, afirma que “os ucranianos não sabem o que acontece no país por serem vítimas de propagandistas da Ucrânia”.

A Ucrânia pede à União Europeia que acelere a entrada do país no bloco. Afirma ainda que a operação militar está arrefecendo e que o governo russo caminha para a desmoralização. Segundo a ONU, ao menos 102 civis foram mortos no conflito, que também já deixou 422 mil refugiados.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou estado máximo de alerta das forças de controle nuclear russo neste domingo (27). Ele citou “declarações agressivas” da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) como justificativa para a decisão.

Responsabilidades

O diplomata Celso Amorim, ex-ministro brasileiro da Defesa e de Relações Exteriores, voltou a afirmar que tanto os países membros da Otan, liderados pelos EUA, quanto o governo de Vladimir Putin têm responsabilidades. Amorim, que condena invasão da Ucrânia e operação de guerra, pondera que o Ocidente atua com ingerência na região há muitos anos, violando princípios de soberania. Acompanhe a entrevista do ex-chanceler ao programa Revista Brasil TVT: