Mulher de luta

Chiquinho Brazão é suspeito de mandar matar Marielle porque ela lutava por moradias populares

A suspeita é de que o mandante do assassinato de Marielle possuía interesses na construção de imóveis de alto padrão

Renan Olaz/Câmara do Rio
Renan Olaz/Câmara do Rio
As autoridades policiais planejam concluir as investigações até o final de abril

São Paulo – Diferentes veículos de imprensa confirmam que a bancada do Rio de Janeiro na Câmara dos Deputados recebeu informação de que o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ) estaria presente na delação premiada firmada por Ronnie Lessa. O miliciano é assassino confesso da vereadora Marielle Franco. Os investigadores avaliam a hipótese de conflito entre Marielle, que defendia o destino de um terreno no Rio para moradias populares, e Brazão, possivelmente ligado a milícias, interessado na especulação imobiliária.

O nome do congressista já era objeto de investigação por parte da Polícia Federal. Contudo, agora ganhou destaque com a citação na delação de Lessa. O caso está sob sigilo. Porém, as autoridades policiais planejam concluir as investigações até o final de abril. A homologação do acordo de delação premiada veio após despacho do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Lessa prestou depoimento na segunda-feira (18).

Agentes da investigação revelaram que, além do deputado Chiquinho Brazão, também há menção a outro detentor de foro privilegiado durante o curso das investigações. A principal linha de investigação da Polícia Federal sugere que a morte de Marielle Franco tem ligação com a ação de milícias e uma disputa de terras na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Luta de Marielle

De acordo com depoimentos, inclusive de indivíduos envolvidos no assassinato, os investigadores apuram a hipótese de que o trabalho da vereadora em prol da habitação para populações carentes teria relação com o crime. Parece haver uma disputa pela regularização de um condomínio, onde Marielle atuava para que a região fosse de interesse social.

A suspeita é de que o mandante do assassinato possuía interesses comerciais e buscava evitar que intervenções do poder público comprometessem a construção de imóveis de alto padrão na área. A primeira delação no caso foi a de Élcio de Queiroz, que confessou o crime e implicou diretamente Ronnie Lessa.

Em resposta às acusações, a assessoria do deputado Chiquinho Brazão emitiu uma nota afirmando que o parlamentar encara com estranheza sua citação. Especialmente após vários meses de tramitação da alegada colaboração. A nota também mencionou que são apenas especulações e que o deputado está disponível para prestar esclarecimentos.

Quem é Brazão

Até o momento, o grau de envolvimento de Chiquinho Brazão no crime permanece incerto. No entanto, em janeiro, o site Intercept Brasil indicou que Lessa apontou, na mesma delação, o irmão de Chiquinho, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas da União do Rio de Janeiro, como mandante do crime.

Chiquinho Brazão é uma figura política conhecida no reduto de sua família em Jacarepaguá, zona oeste carioca, uma área dominada por milícias. Ele possui dois mandatos como deputado federal, sendo eleito pela primeira vez em 2018 e reeleito em 2022. Então, antes de ingressar na Câmara dos Deputados, Chiquinho Brazão foi vereador do Rio de Janeiro por 12 anos. O político sempre esteve associado a partidos do Centrão e da direita política.