Chacina de Baião

Justiça do Pará condena mais um envolvido no assassinato de Dilma Ferreira, líder do MAB

Crime ocorreu em 2019, com seis assassinatos no total. Fazendeiro acusado de ser o mandante está preso e aguarda julgamento

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São Paulo – A Justiça do Pará condenou ontem (18) o segundo envolvido na chamada Chacina de Baião, que tem entre as vítimas Dilma Ferreira, líder do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Condenado a 63 anos e 11 meses de prisão, Valdenir Farias Lima era apontado como intermediário do crime. Em 21 e 22 de março de 2019, seis pessoas foram assassinadas na zona rural de Baião, no nordeste do estado. Um fazendeiro é acusado de ser o mandante. Manifestantes fizeram vigília diante do fórum onde ocorreu o julgamento.

Maranhense, Dilma era ativista de direitos humanos e integrante da coordenação nacional do MAB. “Ela havia ameaçado denunciar o fazendeiro, Fernando Rosa, por extração ilegal de madeira em uma área ao lado do assentamento onde vivia em Baião”, lembra a organização. Foi morta dentro de casa, no assentamento Salvador Allende, ao lado de seu companheiro, Claudionor Costa da Silva, e de um amigo do casal.

Certeza da impunidade

Horas antes, os trabalhadores rurais Venilson da Silva Santos, Raimundo Jesus Ferreira e Marlene da Silva Oliveira haviam sido mortos a tiros. Posteriormente, os corpos foram carbonizados. Eles ameaçavam denunciar o mesmo fazendeiro na Justiça do Trabalho por falta de pagamento e por viverem em situação análoga à escravidão.

“Nós acreditamos que um dos motivos que levaram os acusados a cometer tamanha crueldade contra as vítimas era a certeza da impunidade”, afirma Jaqueline Alves, do Coletivo de Direitos Humanos do MAB. “Lamentavelmente, nós vivemos em uma região extremamente violenta contra defensores de direitos humanos e ambientalistas. O Brasil esteve no primeiro lugar dos países que mais mataram ativistas do meio ambiente durante 10 anos seguidos, entre 2012 e 2022. Em 2022, nos tornamos o segundo, com números ainda assustadores.”

Contratados para a execução

Assim, Valdenir teria sido a pessoa que contratou os irmãos Alves (Glaucimar Francisco, Marlon, Alan e Cosme Francisco) para a execução. Ainda em 2019, o Ministério Público do Pará ofereceu denúncia contra eles. Um ano atrás, Cosme foi condenado a 67 anos, quatro meses e 24 dias de prisão. Glaucimar está foragido, enquanto Alan e Marlon morreram, também em 2019, oficialmente por confronto com a polícia.

Encontro de Dilmas: em 2011, militante ambientalista entrega pauta à então presidenta da República (Foto: MAB)

A expectativa, agora, é pelo julgamento do fazendeiro Fernando Rosa Filho, apontado como mandante. Ele está preso desde 2019.

“A Dilma era aquela pessoa que nunca sabia dizer não para ninguém. A pessoa chegava lá na casa dela e, enquanto ela não ajudasse, não se conformava. Tinha vezes que a Dilma chegava a ficar sem comer para dar comida para aquelas pessoas”, contou Francisca Ferreira, irmã de ativista. A família foi uma das atingidas pela construção da hidrelétrica de Tucuruí, inaugurada em 1984, que desalojou dezenas de milhares de pessoas.

Com informações do MAB e da agência Amazônia Real


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