Acolhimento

Silvio Almeida e ex-ministros de Direitos Humanos participam de missa do padre Júlio

Grupo prestará solidariedade ao pároco no próximo domingo (24), depois do segundo pedido de CPI contra ele ter sido protocolado na Câmara Municipal de São Paulo

Rovena Rosa / Agência Brasil
Rovena Rosa / Agência Brasil
Padre Júlio: vereadores de direita tentam atacar o trabalho de acolhimento da população de rua

São Paulo – O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, e um grupo de nove ex-ministros e representantes da área vão participar no próximo domingo (24) da missa celebrada pelo padre Júlio Lancellotti na Capela São Judas Tadeu, na Mooca, zona leste de São Paulo. O grupo vai prestar apoio ao padre, que tem sido alvo de vereadores de São Paulo na tentativa de impedir que ele continue fazendo importante trabalho de acolhimento das pessoas em situação de rua na capital paulista. A missa do padre Júlio é transmitida todos os domingos pela TVT (canal aberto 44.1 UHF e pelo YouTube).

Na última quinta-feira (14), o vereador Rubinho Nunes (União Brasil) protocolou na Câmara Municipal de São Paulo novo pedido de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o padre por supostos crimes contra a população em situação de rua. O pedido tem a assinatura de 19 vereadores e é a segunda tentativa de Nunes de usar a estrutura da Câmara para investigar Lancellotti. Na primeira, no começo de dezembro de 2023, 25 vereadores assinaram o pedido de criação da comissão, que não falava sobre o padre em seu texto original.

A perda de sete apoios é significativa e deixa Nunes ainda mais longe da instalação da CPI. Isso porque, para que a comissão passe a funcionar, são necessários 28 votos favoráveis quando o plenário da casa apreciar o pedido, o que pode ocorrer ainda nesta semana.

Usando denúncias contra o padre Júlio Lancellotti feitas pelo Movimento Brasil Livre (MBL), movimento que liderou em São Paulo, Nunes diz, no texto do pedido de CPI, que o objetivo da comissão é “apurar a dignidade da pessoa humana, em especial crimes contra a liberdade sexual, assédio moral, sexual, psicológico e abusos congêneres cometidos contra pessoas em situação de rua, vulnerabilidade e drogadição”.

Caso seja instalada, a Câmara e São Paulo terá uma comissão formada por sete vereadores, que durante 120 dias de 2024, um ano eleitoral na capital paulista, investigarão a vida de um padre e crimes, que se forem críveis, deveriam ser casos para apuração da Polícia Civil ou do Ministério Público, mas não de uma Casa legislativa.

Na primeira tentativa de CPI, Nunes mirou no Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto e o grupo A Craco Resiste, ambos com larga atuação na região conhecida como Cracolândia, no centro de São Paulo. Em nenhum momento, o vereador citava Julio Lancellotti no texto.

Porém, após Nunes insistir em perseguir o padre em suas redes sociais, ameaçando o clérigo com a instalação da CPI e a investigação de sua vida, sete vereadores recuaram e pediram para que suas assinaturas fossem retiradas do documento, ato que não é permitido pelo regimento da casa.

Nas redes sociais e dentro da Câmara, o pedido de CPI de Nunes passou a ser perseguido e a oposição afirmou que, diante da fixação do vereador do MBL com o padre, a figura do líder religioso deveria aparecer nominalmente no documento de criação da comissão.

No primeiro pedido de CPI, Nunes alegava que os grupos faziam apologia ao uso de drogas ao adotar a política de redução de danos, que consistiria, de acordo com o vereador, na distribuição de seringas na Cracolândia.

Porém, nenhuma das duas entidades distribuíram, em qualquer momento de suas histórias, insumos para as pessoas em situação de drogadição na Cracolândia.

Confira a íntegra do manifesto

Nós, ex-Ministros e Ministras, e o atual Ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, juntamente com as instituições, organizações, cidadãos e cidadãs nos posicionamos, de forma intransigente, em defesa da pessoa e do relevante trabalho humanitário que o Padre Júlio Lancelotti realiza junto aos pobres e desvalidos.

Mais uma vez, forças políticas torpes tentam atingir o Padre e o trabalho por ele desenvolvido. Trata-se de um ataque cruel, covarde e absolutamente inadmissível, que precisa parar urgentemente.

Todos e todas que lutam por justiça e inclusão social, pela erradicação da fome e da miséria, por cidades acolhedoras e por um Brasil cada vez mais humanizado e socialmente responsável estão ao lado do Padre Júlio Lancelotti e o tem como um exemplo a ser seguido e enaltecido.

No Domingo de Ramos, dia 24/3, às 10h, vamos demonstrar toda nossa solidariedade ao Padre Júlio Lancelotti, comparecendo à Missa celebrada por ele na  Capela São Judas Tadeu, Rua Itaquari 546, Mooca – SP

Assinam o presente Manifesto o atual Ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Sílvio Luiz de Almeida, e os Ex-Ministros:

  • Gilberto Sabóia
  • Ideli Salvatti
  • Maria do Rosário Nunes
  • Nilma Lino Gomes
  • Nilmário Miranda
  • Paulo Sergio Pinheiro
  • Paulo Vannuchi
  • Pepe Vargas
  • Rogério Sotilli

Assine o manifesto de apoio ao padre Júlio


Com informações de Igor Carvalho, do Brasil de Fato