Comunidade suíça fica ilhada por pedágios em Indaiatuba (SP)
Uma praça de pedágio e dois bloqueios separam comunidade suíça no interior de São Paulo. A convivência, a cultura e os negócios ficaram prejudicados
Publicado 19/04/2010 - 14h14
No mapa on-line, pedágio e bloqueios que cercam Helvetia, no limite entre Indaiatuba e Campinas, interior de São Paulo (Foto: Divulgação)
São Paulo – A alegre colônia suíça Helvetia perdeu um pouco de brilho nos últimos três anos. Segundo o representante das comunidades tradicionais suíças de Indaiatuba (SP), Carmelo Campregher, desde que o pedágio na rodovia Santos Dumont, altura do quilômetro 62, foi construído, a colônia sente-se um pouco destruída. A praça de pedágio separou moradores e locais importantes como a igreja e o cemitério suíço.
“Sempre digo que nossa comunidade vive ilhada por três pedágios: a praça de pedagiamento na rodovia e os dois bloqueios, um em cada acesso à Helvetia”, relata Carmelo.
Se um morador da parte superior da rodovia quiser velar um parente morto, ir ao cemitério ou à missa, é preciso pagar por duas vezes o pedágio no mesmo valor pago por motoristas que percorrem a rodovia. “Um primo que mora na parte de cima da (rodovia) Santos Dumont e vem velar um parente morto ou vir à igreja paga R$ 17,60 (no total)”, indigna-se.
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Além de atingir a convivência entre os descendentes, os negócios na colônia também foram atingidos pelos pedágios. O buffet, a igreja e o coral de Helvetia, que sempre atraíram visitantes e negócios, também sofrem com o impacto do custo elevado de acesso à localidade. “Nosso coral tem repercussão internacional”, orgulha-se. Entretanto, o valor cobrado dos visitantes limita as visitas e a contratação de serviços, na visão do representante da comunidade.
Até a festa tradicional que reúne cerca de dez mil pessoas por ano perdeu um pouco de brilho. Famílias vêm especialmente da Suíça para o evento e, principalmente, visitantes da região, mas a cobrança prejudica a celebração. “O pedágio afetou, afeta e com certeza afetará ainda se não for tomada um providência, se esse valor não for revisto”, prevê Carmelo.
Trauma
Quando os moradores receberam a notícia da implantação de um pedágio separando a colônia, reuniram os idosos e organizaram um desfile em carro aberto no local das obras, numa tentativa de sensibilizar as autoridades. Depois foram à Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), procuraram o presidente da concessionária Colinas, ouviram promessas de todos os lados, “mas as máquinas não pararam e não teve jeito”, conta o descendente de suíços.
Até mesmo o local onde fica a pedra fundamental de Helvetia e a bandeira da Suíça foi usado como escritório da concessionária. “Que tristeza enorme, feriu a alma da comunidade”, desabafa.
Carmelo comenta que, mesmo depois de três anos da implantação do pedágio, ainda paira um sentimento de destruição na comunidade. “Lutamos do nosso jeito, mostrando nossa cultura, pedindo, mobilizando”, descreve.
Ele sugere que a saída para o alto valor de pedágio seria adotar o pedágio quilométrico, em que o pagamento da tarifa varia em função dos quilômetros percorridos. “Pagamos a tarifa cheia para andar poucos metros”, avalia. “Certas regiões você anda 100 quilômetros e paga R$ 6 ou R$ 8”, compara Carmelo.
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