Senado promete cortar R$ 376 milhões em despesas por ano

Sarney anuncia redução de gastos em meio a crise política. Denúncias de atos secretos se iniciaram de diretoria-geral da Casa

Alvo de críticas, Sarney diz que reforma administrativa é das mais urgentes (Foto: Fernanda Di Castro/Agência Câmara)

Reduzir em R$ 376,4 milhões por ano as despesas com mão de obra terceirizada, salários efetivos e comissionados, obrigações patronais e outros custos com serviços terceirizados é a meta do estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para uma reforma administrativa do Senado. O valor foi anunciado pelo presidente da Casa José Sarney (PMDB-AP).

O estudo em que trabalharam 20 professores da FGV, ouvindo senadores e funcionários, deve ser submetido ao plenário do Senado. Sarney prometeu agilidade no processo.

A contratação da consultoria foi definida em março deste ano, quando denúncias de favorecimentos a parentes de senadores e outras irregularidades vinham sendo denunciadas. Três meses depois, em junho, a existência de atos administrativos não-publicados (atos secretos) foi revelada.

Antes das mudanças, a crise levou à exoneração e à investigação de Agaciel Maia, que ocupou o cargo de diretor-geral da Casa de 1995 a 2009. Outro diretor afastado foi João carlos Zoghbi, de Recursos Humanos, envolvido em nomeações de servidores fantasmas.

No plano de reforma da FGV, os cargos de chefia nos níveis estratégico, intermediário e operacional serão reduzidos em 43% e as assessorias de nível estratégico diminuem de 13 para sete. Apenas seis das 41 diretorias serão mantidas. Os cortes prosseguem em níveis intermediários e operacionais. Sarney procurou tranqüilizar os funcionários presentes, dizendo que um plano de cargos e salários consistirá numa fase posterior do projeto.

De acordo com Sarney, uma das reformas mais urgentes no Brasil é a da administração pública, capaz de racionalizar serviços mas sempre colocada à margem das prioridades nacionais. “A minha administração passou a ser alvo de muitas críticas, algumas improcedentes, outras injustas, mas na verdade temos um dos melhores quadros de servidores do serviço público”, discursou.

Apoio ao Senado

Em entrevista à Rádio Tupi AM, do Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que seu apoio é à instituição Senado e não exclusivamente a Sarney. “Defendo que haja um processo justo de investigação, uma apuração correta e que se faça um julgamento correto”, disse.

Lula voltou a criticar o que qualificou como “oba-oba de denuncismo”, dizendo que a prática não dá certo em lugar nenhum do mundo.