Sarney acusa jornal de ‘práticas nazistas’

Presidente do Senado e 'O Estado de S.Paulo' travam disputa desde que filho de Sarney conseguiu liminar contra o jornal

Com a edição desta segunda em mãos, Sarney leva adiante “guerra” com jornal paulistano (Foto: Jonas Pereira/Agência Senado)

José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado, acusou o jornal O Estado de S.Paulo de adotar “práticas nazistas” e de ter se tornado um “tabloide londrino que busca escândalo para vender”. Alvo de sucessivas denúncias envolvendo sua gestão e negócios de sua família, o senador pediu aos colegas que pensem sobre suas responsabilidades.

Sarney e o jornal paulistano estão em confronto desde que Fernando Sarney, um dos filhos do senador, conseguiu liminar para impedir que o Estadão publique informações sobre as investigações da Polícia Federal que envolvam seu nome. O desembargador que deu a liminar foi mais tarde apontado como alguém com relação pessoal com o presidente do Senado.

As declarações foram feitas no Plenário do Senado nesta segunda-feira (17) após a publicação de denúncias de que a família de Sarney usufruía dois apartamentos em região nobre da capital paulista pagos por uma empreiteira. Ele não entrou no mérito das acusações e defendeu que seus filhos podem defender-se. O discurso repleto de recados a alguns senadores da oposição.

“Peço aos meus colegas que pelo menos pensem sobre suas responsabilidades”, reclamou Sarney. Segundo o senador, alguns de seus colegas que repercutiram a notícia foram muito apressados e não procuraram ouvir sua versão da história. “(O jornal faz) uma campanha contra mim, uma prática nazista de denegrir a honra e a dignidade”. Em outro momento afirmou que, “felizmente, no Brasil, não temos câmaras de gás”.

“Conheci O Estado de S. Paulo como um dos dez maiores jornais do mundo. A última viagem que o doutor Júlio de Mesquita (fundador do jornal) fez ao Norte foi a meu convite. Foi ao Maranhão, em 1967. Contudo, é com grande tristeza que o vejo hoje, depois de uma decadência e de terceirar sua redação, sua consciência e sua responsabilidade”, afirmou Sarney.

Senado pior do que o inferno

Também do PMDB, Pedro Simon (RS) declarou que o Senado vive seu pior momento. “É verdade que Darcy Ribeiro dizia que o Senado é muito bacana, melhor do que o céu”, avisou. “Porque para ir para o céu é preciso morrer; e para vir para esta Casa não precisa morrer. Eu diria que nós estamos vivendo um momento em que esta Casa é pior do que o inferno. Sem morrermos estamos vivendo o inferno aqui, no Senado, pelo deboche, pela ridicularização”, sentenciou.

Simon voltou a pedir o afastamento de Sarney, cujos aliados querem ganhar no grito, segundo ele. O presidente Lula ainda foi alvode críticas, por sua interferência – qualificada como mais intensa do que no período militar.

Ele também atacou o PT por ter se curvado à lógica de proteger Sarney. “Ó, velho PT, quem te viu e quem te vê!”, lamentou “Isso é um atestado de óbito do velho PT e a certidão de nascimento do novo PT”.

Com inforamções da Agência Brasil, Agência Senado e Reuters