Estado de direito

Pacheco e Moraes se encontram e sinalizam que união das instituições cresce, apesar de Bolsonaro

“Da parte da presidência do Senado e do Congresso, quero manifestar nossa irrestrita confiança na Justiça eleitoral e nas urnas eletrônicas”, disse o senador

Pedro Gontijo/Senado Federal
Pedro Gontijo/Senado Federal
Presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, visita o presidente do TSE, Alexandre Moraes

São Paulo – Após reunião com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, nessa segunda-feira (22), o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional, voltou a defender as instituições e o Estado de Direito. “Eu não quero admitir nenhuma outra possibilidade que não seja essa da normalidade democrática”, disse o parlamentar.

O senador voltou a declarar apoio ao sistema eleitoral. Por ser o maior representante do Legislativo, um dos três poderes da República, a posição de Pacheco é simbólica e o gesto de ter visitado Moraes, “homem forte” da justiça eleitoral e recém-empossado, aumenta esse simbolismo, assim como sinaliza para a solidão cada vez maior do presidente Jair Bolsonaro.

“Da parte da presidência do Senado e da presidência do Congresso, quero manifestar nossa irrestrita confiança na Justiça eleitoral, nas urnas eletrônicas, e se há algo mais a ser feito ou não, cabe à justiça eleitoral e ao TSE decidir”, disse Pacheco após o encontro com Moraes. Ele acrescentou que a pacificação “é a melhor forma de exercermos a democracia”.

Na sexta-feira (19), o próprio Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, foi obrigado a aderir à união institucional que parece ter crescido nas últimas duas semanas. “Nós vamos para uma eleição, respeitar o resultado democraticamente. Quem ganhar, tomará posse”, garantiu.

7 de setembro

Pacheco ressaltou, ontem, esperar que as manifestações em comemoração à Independência, no 7 de setembro, sejam realizadas  em clima pacífico. O que representar “excessos promovidos por grupos minoritários” deve ser resolvido pelas forças de segurança estaduais, acrescentou. “Vamos acreditar que o 7 de setembro, assim como todo período eleitoral, vai ser marcado pela discussão de ideias e manifestações legítimas”, destacou.

Apesar do tom do forte discurso de Moraes em sua posse na presidência do TSE no dia 16, comenta-se em Brasília que sua gestão pode apaziguar as relações com os militares. Isso porque o ministro tem experiência e “traquejo” político. Ele foi Secretário Estadual de Segurança Pública de São Paulo e ministro da Justiça.

Nesta terça-feira (23), Moraes tem agenda com o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e com o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Marcio Nunes.

Embate com Fachin

A relação entre o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e o ex-presidente do TSE, Edson Fachin, foi marcada por tensão. Eles enviaram um ao outro vários ofícios agressivos no embate sobre a segurança das urnas eletrônicas, atacadas sistematicamente por Bolsonaro. No início do mês, por exemplo, o ministro da Defesa pediu ao tribunal acesso ao código-fonte das urnas eletrônicas num ofício “urgentíssimo” a Fachin. O tom foi desnecessário e considerado um vexame, pois o pedido já tinha sido atendido pela Corte.

Caça a caçadores

Nesta segunda, como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Moraes determinou que a Polícia Federal identifique membros de um grupo de Telegram intitulado “Caçadores de ratos do STF”. O grupo tem 159 integrantes, entre os quais o “empresário” Ivan Rejane Fonte Boa Pinto, preso desde 22 de julho por ordem de Moraes.

O preso é autor de graves ameaças a ministros do Supremo e líderes políticos como o ex-presidente Lula. O homem chegou a prometer a ministros do STF, em vídeo: “Nós vamos pendurar vocês de cabeça para baixo”.

Leia também:


Leia também


Últimas notícias