Rejeitado

Moraes rejeita mais um recurso de Bolsonaro contra inelegibilidade por oito anos

Presidente do TSE descartou pedido da defesa, apontando que os requisitos legais previstos não foram atendidos no recurso que questionava a decisão que tornou Jair Bolsonaro inelegível até 2030

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Desde agosto, os advogados do ex-presidente tentam reverter a determinação que o tira da disputa eleitoral até 2030

São Paulo – O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, rejeitou o recurso da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro contra o resultado do julgamento que o tornou inelegível por oito anos. O caso se refere à condenação, em junho, por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação devido à reunião de 18 de julho de 2022. Na data, o então chefe do Executivo recebeu dezenas de embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada para atacar, sem provas, as instituições democráticas brasileiras perante o mundo.

Desde agosto, após o TSE publicar o chamado acórdão – decisão colegiada dos ministros –, os advogados do ex-presidente tentam reverter a determinação que o tira da disputa eleitoral até 2030. Com base em “embargos de declaração”, a defesa aponta que há pontos não suficientemente esclarecidos ou omissões e contradições dentre os votos apresentados. Na última decisão, em 28 de setembro, os ministros do tribunal já haviam rejeitado um desses recursos.

Desta vez, o pedido era endereçado ao Supremo Tribunal Federal, onde se questionava a constitucionalidade da decisão. Mas, para ser admitido e tramitar na Corte, o recurso deve passar por uma análise prévia por parte do presidente do TSE. De acordo com Moraes, porém, o pedido da defesa de Bolsonaro não atendeu aos requisitos previstos para que o recurso fosse enviado ao STF.

‘Minuta do golpe’

No documento, os advogados do ex-presidente questionavam a inclusão, ao longo do processo, da chamada “minuta do golpe”. O roteiro contra a democracia brasileira foi apreendido em janeiro, pela Polícia Federal (PF), na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, investigado pelos atos golpistas do 8 de janeiro. A defesa de Bolsonaro alegava que o material não poderia ser usado como prova no julgamento. O grupo ainda classificava o documento como “apócrifo”.

A proposta de decreto, porém, tinha como objetivo instaurar estado de defesa na Corte e mudar o resultado das eleições de 2022, que deu vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao rejeitar o argumento, Moraes observou que a minuta “não embasou” a condenação de Bolsonaro.

“Não assiste razão ao recorrente ao alegar que a condenação foi baseada em ‘documento apócrifo’, pois a suposta minuta de decreto não embasou a condenação do recorrente, tendo sido a responsabilidade do investigado fixada com base nos atos que comprovadamente praticou ao se valer das prerrogativas de Presidente da República e de bens e serviços públicos, com desvio de finalidade em favor de sua candidatura, como destacado nos diversos votos proferidos”, afirmou o ministro.

Argumentos rejeitados

O presidente do TSE também destacou que o pedido não atendeu ao chamado prequestionamento. Além de levantar dúvidas que demandariam a revisão de provas do processos, algo incabível quando o caso já está no Supremo.

“No caso, a condenação do recorrente pela prática de abuso de poder político e de uso indevido dos meios de comunicação nas eleições 2022 se deu com base nos elementos de convicção dos autos que atestaram que a reunião realizada com os Chefes de Missões Diplomáticas, no Palácio da Alvorada, no dia 18/07/2022, produziu vantagem eleitoral competitiva desproporcional em favor do então Presidente da República, candidato à reeleição, tendo sido disseminada desinformação contra o sistema eletrônico de votação e a Justiça Eleitoral, potencializado o alcance da desinformação pela transmissão pela TV Brasil e pelas redes sociais do candidato no Facebook e no Instagram, a revelar gravidade suficiente a afetar a estabilidade do ambiente democrático”, ressaltou.

A defesa de Bolsonaro pode ainda apresentar novo recurso ao STF.

Redação: Clara Assunção

Com informações do g1