Bolsonarismo na mira

Moraes prorroga inquérito das milícias digitais por 90 dias

Polícia Federal pediu mais tempo para analisar relatório final da CPMI do 8 de Janeiro e concluir diligências em andamento. Esta é a nona prorrogação do inquérito

Waldemir Barreto/Agência Senado
Waldemir Barreto/Agência Senado
Investigação das milícias digitais foi aberta em 2021, após arquivamento do inquérito dos atos antidemocráticos

São Paulo – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou por mais 90 dias o inquérito das milícias digitais. A decisão do ministro atende a um pedido da Polícia Federal (PF), que apontou a necessidade de mais prazo para conclusão de diligências em andamento. Os policiais querem mais tempo para analisar o relatório final da CPMI do 8 de Janeiro.

O inquérito apura a atuação de milícias digitais nas redes sociais para divulgação de desinformação contra a democracia e às instituições brasileiras durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A investigação, que começou em julho de 2021, é uma derivação do inquérito dos atos antidemocráticos. Esta é a nona vez que Moraes, relator do inquérito, decide pela prorrogação do inquérito.

No despacho, Moraes destaca a existência de “fortes indícios e significativas provas apontando a existência de uma verdadeira organização criminosa, de forte atuação digital e com núcleos de produção, publicação, financiamento e político”. Conforme o ministro, as milícias teriam a “nítida finalidade de atentar contra a Democracia e o Estado de Direito”.

Anteriormente, em outubro de 2023, Moraes incluiu o relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 janeiro nas investigações. O relatório marcou fim dos trabalhos da comissão e indiciou 61 pessoas, entre elas, Jair Bolsonaro. Nesse sentido, elas respondem atualmente pelos crimes de associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado democrático de direito e golpe de Estado.

Delação de Cid compõe o inquérito 

Ainda antes, em setembro, no âmbito do mesmo inquérito, Moraes também homologou o acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. De lá para cá, Cid acusou Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro e filho do ex-presidente, de comandar o “Gabinete do ódio”. Além disso, ele apontou vínculo direto de Jair Bolsonaro no esquema de disseminação de fake news

Cid foi preso em maio, acusado de fraudar cartões de vacinação dele, de sua família e de integrantes da família Bolsonaro. Nas investigações, a PF encontrou uma “minuta do golpe” para decretação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) e “estudos” para eventual ataque à democracia, como de fato acabou ocorrendo em 8 de janeiro. Além disso, o ex-ajudante de ordens também confessou ter entregue “nas mãos” do ex-presidente Jair Bolsonaro o dinheiro da venda de relógios de luxo recebidos como presentes de Estado.


Leia também


Últimas notícias