Eleitor não é gado

Lula: falta muito pouco para vencermos no primeiro turno, apesar da campanha desleal de Bolsonaro

Ex-presidente considera boa a chance de decidir pleito em 2 de outubro e que, apesar de medidas econômicas eleitoreiras, o povo está se recusando a ser “marionete” do atual governante

Reprodução/Youtube
Reprodução/Youtube
"Bolsonaro já disse ‘as minhas Forças Armadas’, e agora está dizendo a ‘minha independência’"

São Paulo – Após reunião do conselho político da coligação Brasil da Esperança, formada pelos partidos que apoiam sua candidatura, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou à imprensa nesta terça-feira (6) destacando as possibilidades de vencer a corrida presidencial já no primeiro turno. Também criticou o uso eleitoral da máquina pública por Jair Bolsonaro (PL) e a estabilidade das intenções de voto de seu nome nas pesquisas eleitorais.

Ele comentou a preocupação de muitos de seus eleitores com a possibilidade de o Auxílio Brasil – que começou a ser pago em agosto – alavancar a candidatura à reeleição do atual presidente. “Isso não aconteceu. Ele praticamente está onde estava antes, numa demonstração viva de que o povo brasileiro não se submeteu a ser marionete, a ser como um rebanho tangido pelas mentiras”, disse Lula.

Para Lula, nem todos os presidentes da República juntos utilizaram a máquina pública em benefício de sua própria campanha como faz o atual governante. “Apesar de tudo e das agressões, o povo está nos dando preferência.” Segundo a pesquisa mais recente, do Ipec divulgada ontem, o ex-presidente mantém os mesmos 44% do estudo anterior, enquanto Bolsonaro oscilou de 32% para com 31%.

Sem citar nomes, afirmou ser “normal” os ataques que tem sofrido de candidatos da oposição. Entre eles, o mais destacado agressor de sua candidatura tem sido Ciro Gomes (PDT). “Eles me atacam porque não querem que a gente ganhe no primeiro turno. E a gente não tem que ter vergonha de dizer que quer ganhar no primeiro turno”, afirmou Lula. “Quem tem cinco, sete ou 8% também sonha em ter trinta ou 40% e ir pro segundo turno. Por que quem tem 45% não pode sonhar com ter mais 5% e ganhar no primeiro turno?”, questionou.

7 de setembro

O candidato criticou Bolsonaro por usurpar o 7 de Setembro “como uma coisa pessoal”, quando é uma comemoração de todos os brasileiros. “Resolveu fazer a festa para ele. Ele já disse ‘as minhas Forças Armadas’, e agora está dizendo a ‘minha Independência’. É triste, mas é assim.”

Lula reafirmou que a vida da população brasileira “se tornou um pesadelo” e mencionou vários dados, como os números segundo os quais 79% das famílias estão endividadas no país, 29,6% estão em atraso em saldar suas dívidas e 10,8% não terão condições de pagá-las.

Sobre o processo eleitoral, disse que a principal dificuldade de sua campanha nas eleições de 2022 se deve ao fato de que a disputa é “com alguém que não conhece práticas democráticas e trabalha na base de fake news”, disse Lula.

Sem “jogo baixo

Segundo ele, sua campanha não deve retrucar e “fazer jogo baixo”, mas tem que discutir a resolução dos problemas reais da população, o desemprego, a economia informal, para que as pessoas possam “voltar a sorrir e a comer”.

Lula concluiu falando sobre a guerra na Ucrânia e política externa. “Vamos (voltar a) conversar com o mundo, receber o mundo aqui dentro, e vamos visitar o mundo”, afirmou. “Se a gente ganhar e não tiver acabado a guerra, a gente vai lá conversar com eles e dizer que guerra não interessa a ninguém, apenas aos vendedores de armas.”

Gleisi Hoffmann

Antes de Lula, a aniversariante do dia e presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que o conselho político da coligação avalia a campanha positivamente até o momento, “apesar das investidas do adversário contra nós”. “Nunca tivemos na historia alguém que usasse tanto da máquina pública estando na cadeira da presidência da República como Bolsonaro está fazendo”, disse.

Ela lembrou que prefeitos já “foram cassados por dar isenção de IPTU em ano eleitoral, ou aumento pra funcionário público”, enquanto Bolsonaro criou benefícios e impôs a retirada de ICMS de combustíveis nos estados, sem falar no orçamento secreto, que irriga as bases bolsonaristas e a “campanha sórdida de fake news“.

Leia mais: