Análise

‘Vitória de Lula em 1º turno é difícil, mas não improvável’, diz Marcos Coimbra

O sociólogo e diretor do Instituto Vox Populi vê oscilações pontuais como resultado de uma instabilidade no processo eleitoral, suficiente para mandá-lo para o segundo turno

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Lula em discurso de campanha

O sociólogo Marcos Coimbra, diretor do Instituto Vox Populi, afirmou à Rede TVT na sexta-feira (2) que as mais recentes pesquisas sobre intenções de voto para a presidência da República mostraram estar mais difícil uma vitória de Lula no primeiro turno, porém não improvável. Marcos Coimbra voltou a reforçar o caráter monotemático da eleição, com dois núcleos duros bem definidos, e vê apenas oscilações pontuais na classe média. Ele ainda confirmou ineficácia dos programas de auxílio na captação de votos por Bolsonaro.

Na mesma sexta-feira, o Instituto Ipesp divulgou uma pesquisa com 44% das intenções de voto para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), um ponto acima do levantamento anterior, de 31 de agosto. Jair Bolsonaro (PL) manteve os mesmos 35% de antes. “Os dois tem um núcleo bastante sólido de eleitores que pretendem votar. Agora, tem uma outra parcela que é de eleitores que não são tão decididos. Para esses, a conta de qualidades de um e defeitos do outro é muito importante. Havendo segundo turno, os eleitores dos demais candidatos vão ter de fazer uma conta, um cálculo, para ver o que tem de bom em um e de ruim no outro. É sempre assim.”

Perfeitamente viável

Marcos Coimbra lembrou que as pequisas mantêm vantagem folgada para a vitória de Lula no segundo turno, “onde quase todas as eleições brasileiras se resolvem”. E não descartou uma vitória já no dia 2 de outubro. “Essa chance, em função dessas instabilidades, diminuiu um pouco, mas continua perfeitamente viável. É um cenário de grande estabilidade no favoritismo de Lula e algumas oscilações de curto prazo que fazem com que o cenário de decisão no primeiro fique um pouco menos provável. Mas ainda assim possível.”

Água Turva

“Nós estamos atravessando por um período de uma pequena instabilidade, o que é eu acho que é natural, em função de estar começando a campanha na TV e no rádio. Começaram os debates, teve as entrevistas na TV Globo, com audiência elevada. Enquanto isso, temos um governo que está despejando dinheiro em cima da população, sobretudo da população mais pobre, pra ver se muda o cenário das intenções de voto. A água ficou um pouco mais turva. Mas nada que mude o retrato fundamental do que as pesquisas mostram a mais de um ano”, falou Marcos Coimbra.

Voto é sagrado

O sociólogo ressaltou o que chamou de “grande dúvida” sobre a eficácia dos auxílios dados pelo governo federal, especialmente entre a população mais pobre, para angariar votos. “Tudo indica que não conseguiu”, afirma. O analista explica que a preferência em Lula continua muito maior em que quem recebeu os auxílios de agora e do começo do ano. “Pra todos os efeitos, podemos dizer que não funcionou. O Bolsonaro melhorou um pouquinho, aqui e ali, na classe média”, completa.

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