"Moeda corrente"

Bolsonaro vai ao TSE contra vídeo da campanha de Lula sobre imóveis comprados com dinheiro vivo

Até o momento, Bolsonaro e família não explicaram negociações, que somaram o equivalente a R$ 25,6 milhões em valores corrigidos

Reprodução
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São Paulo – Jair Bolsonaro (PL) entrou com uma representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar tirar do ar cenas da propaganda eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A campanha mostra vídeos sobre a compra de imóveis com dinheiro vivo, e que até o momento nem Bolsonaro, nem família explicaram.

“A investigação da imprensa revelou outro escândalo: 51 desses imóveis foram pagos em dinheiro vivo, no valor atualizado de R$ 25 milhões. De onde vem tanto dinheiro vivo da família Bolsonaro? É um escândalo tamanho família”, diz o vídeo de 30 segundos da propaganda de Lula.

A defesa de Bolsonaro fala em “má-fé” e argumenta que a família usa “moeda corrente” nas negociações. E alega que essa forma de transação seria diferente de “dinheiro vivo”. “‘Dinheiro vivo’ significa pagamento em papel moeda, ou seja, em cédulas. ‘Moeda corrente’ diz respeito a quaisquer meios de pagamento, contanto que sejam em moeda nacional, ou seja, em reais”, argumenta a defesa de Bolsonaro.

Para a campanha do candidato à reeleição, o vídeo usa “discurso de ódio” com o “indisfarçado propósito” de “erodir” a candidatura de Bolsonaro.

Segundo reportagem do UOL que fez a denúncia da compra dos imóveis, desde os anos 1990 até hoje o presidente Jair Bolsonaro, irmãos e filhos negociaram 107 imóveis, dos quais no mínimo 51 adquiridos total ou parcialmente com dinheiro vivo. Em outro episódio, no ano passado teria ocorrido a compra de uma mansão de R$ 6 milhões pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

R$ 25,6 milhões em valores corrigidos

A matéria de Thiago Herdy e Juliana Dal Piva basei-se em declaração dos próprios integrantes da família. As compras foram registradas nos cartórios com o modo de pagamento “em moeda corrente nacional”, e somaram R$ 13,5 milhões, o equivalente a R$ 25,6 milhões em valores corrigidos pelo IPCA.

A Polícia Federal (PF) pediu à Justiça Federal a abertura de investigação sobre movimentação financeira da ex-mulher de Jair Bolsonaro Ana Cristina Siqueira Valle. Ela é proprietária de uma mansão em área nobre de Brasília, avaliada em R$ 2,9 milhões. Ana Cristina teria usado um “laranja” para adquirir o bem. A ex do presidente é candidata a deputada distrital nas eleições pelo PP, com o nome Cristina Bolsonaro.

Na semana passada, ela postou em seu perfil no Instagram uma foto em que aparece ao lado do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, que será relator de um processo que apura, entre o outras, a participação dela em na investigação da Polícia Federal.