Nesta terça

Intervenção federal na segurança pública do DF chega ao fim. Novo secretário tem ‘grande teste’ já no primeiro dia

Delegado Sandro Avelar assume secretaria no mesmo dia da posse dos deputados e senadores e da abertura do ano do Judiciário

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Em declarações recentes, Cappelli disse ter confiança de que Avelar tem os requisitos necessários ao cargo, para conduzir e planejar as ações previstas para segurança pública do DF

Brasil de Fato – Termina nesta terça-feira (31) a intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal, decretada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após os atos antidemocráticos ocorridos no dia 8 de janeiro, que resultaram na invasão e no vandalismo contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília. A gestão federal durou 23 dias. O Ministério da Justiça decidiu não prorrogar a intervenção após o término do prazo estipulado inicialmente.

Em diferentes oportunidades, o interventor indicado pelo governo federal, Ricardo Cappelli, disse ter “plena confiança” nas forças de segurança do DF e que aprova indicação do delegado federal Sandro Avelar para o cargo de secretário de Segurança, feita pela governadora em exercício, Celina Leão (PP).

Em declarações recentes, Cappelli disse ter confiança de que Avelar tem os requisitos necessários ao cargo, para conduzir e planejar as ações previstas para os próximos dias, o que inclui o esquema de segurança para a posse, nesta quarta-feira (1º), dos novos parlamentares no Congresso Nacional.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, antecipou, na última semana, que não pretendia prorrogar a intervenção federal na segurança pública do DF porque não existe mais causa constitucional para tal medida.

O primeiro grande teste da retomada da segurança pública no DF ocorrerá já nesta quarta, quando 27 senadores e 513 deputados federais eleitos ou reeleitos em outubro de 2022 tomarão posse no Congresso Nacional. Além disso, as duas Casas elegerão as respectivas mesas diretoras para o próximo biênio. O Poder Judiciário também retoma as atividades do ano neste mesmo dia. Cappelli informou, na semana passada, que o plano de segurança para esses eventos é similar àquele empregado na posse de Lula, em 1º de janeiro. 

Relatório

Na última sexta-feira (27), Ricardo Cappelli apresentou o relatório sobre as falhas operacionais que resultaram na tentativa de golpe de Estado no dia 8 de janeiro. O documento reúne fotos, imagens, memorandos, ofícios e informações sobre todo o processo relacionado ao acampamento golpista no Quartel-General (QG) do Exército e os atos preparatórios para os ataques antidemocráticos que sacudiram a capital do país.

Um dos pontos destacados no relatório é que a Secretaria de Segurança Pública do DF recebeu informações da área de inteligência sobre a alta probabilidade de atos violentos na capital dois dias antes dos atentados. Na época, a pasta era comandada por Anderson Torres, ex-ministro de Bolsonaro e que voltou ao Governo do DF a convite do governador Ibaneis Rocha, atualmente afastado do cargo. 

Apesar do alerta da inteligência, não houve a elaboração de um plano operacional nem emissão de ordens de serviço para a atuação policial, como normalmente deveria ocorrer em casos como esse.

O relatório também descreve o acampamento dos extremistas como ponto central na articulação golpista, no que o interventor denominou como “minicidade terrorista”.

Quem é Sandro Avelar

O trabalho desenvolvido no âmbito da intervenção federal na Segurança Pública do DF foi elogiado pelo novo secretário da pasta, Sandro Avelar. “Vou procurar contribuir com o conhecimento que tenho dessa área”, afirmou na semana passada, ao destacar à imprensa que havia sido escolhido pelo seu perfil técnico.

Essa será a segunda vez que Avelar assume o comando da pasta no DF, que já foi ocupada por ele governo Agnelo Queiroz, entre 2011 e 2014. O novo secretário é também delegado da Polícia Federal (PF) desde 1999.

Avelar era diretor-executivo da corporação desde o ano passado. Foi adido da PF no Reino Unido entre 2018 e 2021. Ele também já presidiu a Federação dos Delegados de Polícia Federal (Fenadepol) e foi diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Antes de ingressar na PF, o novo secretário atuou como assessor jurídico em entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e trabalhou também em assessorias na Câmara dos Deputados e na extinta Radiobrás – atual Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

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