Recado

Forças Armadas devem ter ‘firme controle civil’, afirma secretário de Defesa dos EUA

Conferência realizada em Brasília reuniu ministros de Defesa das Américas

Antonio Cruz/Agência Brasil
Antonio Cruz/Agência Brasil
Secretário Lloyd Austin (no centro da foto) dá outro recado sobre democracia a Bolsonaro

São Paulo – O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, fez nesta terça-feira (26) pronunciamento em defesa da democracia e das instituições brasileiras. Segundo ele, as Forças Armadas do Brasil devem estar “sob firme controle civil”. “Nossos países não estão apenas unidos pela geografia. Também nos aproximamos por nossos interesses e valores comuns. Por nosso profundo respeito aos direitos e à dignidade humana, nosso compromisso com o Estado de direito e nossa devoção à democracia”, afirmou.

“Esse espírito é capturado por nossa Carta Democrática Interamericana. E continuaremos a trabalhar para cumprir sua promessa total. Quanto mais aprofundamos nossas democracias, mais aprofundamos nossa segurança”, acrescentou. Austin foi um dos participantes da Conferência de Ministros de Defesa das Américas, realizada em Brasília.

Lloyd Austin é porta-voz de mais um claro recado do governo de Joe Biden ao de Jair Bolsonaro. Sobretudo depois das ameaças golpistas pelo reiteradas pelo governante brasileiro, em evento com embaixadores na semana passada.

A própria Embaixada dos EUA no Brasil, em resposta a Bolsonaro, afirmou em nota que o processo eleitoral brasileiro é exemplo para outros países. E que, portanto, as eleições brasileiras “servem como modelo para as nações do hemisfério e do mundo”. O Departamento de Estado norte-americano, importante setor governamental dos EUA, também se manifestou. Por meio do porta-voz Ned Price, repetiu que o sistema eleitoral brasileiro é “modelo” para o mundo.

General Paulo Sérgio

Considerado anfitrião da conferência em Brasília, até sexta-feira (29), o ministro da Defesa brasileiro, general Paulo Sérgio Nogueira, disse em seu discurso que respeita a Carta Democrática Interamericana. “Da parte do Brasil, manifesto respeito à carta da Organização dos Estados Americanos, OEA, e a carta Democrática Interamericana, e seus valores, princípios e mecanismos”, afirmou.

Segundo a Carta “os povos da América têm direito à democracia e seus governos têm a obrigação de promovê-la e defendê-la”.

Declaração de Brasília

Na quinta-feira (28) os ministros de Defesa e equivalentes e chefes de delegações participantes da conferência assinarão a Declaração de Brasília, na qual os signatários reafirmam o “compromisso de respeitar plenamente a Carta da Organização dos Estados Americanos (OEA), assim como a Carta Democrática Interamericana e seus valores, princípios e mecanismos”.

O artigo 9º da Carta da OEA prevê que “um membro da Organização, cujo governo democraticamente constituído seja deposto pela força, poderá ser suspenso do exercício do direito de participação nas sessões da Assembléia Geral”.