Cenário se mantém

Ipespe: rejeição de Bolsonaro não cai e Lula vence entre mulheres, jovens e mais pobres

Pesquisa frustra o bolsonarismo, que esperava recuperação do chefe de governo em julho, o que não ocorreu

Alan Santos (PR) e Ricardo Stuckert
Alan Santos (PR) e Ricardo Stuckert
Lula está na liderança com 44% e Bolsonaro tem 35%

São Paulo – Pesquisa XP/Ipespe divulgada nesta segunda-feira (25) mostra que a rejeição a Jair Bolsonaro (PL) e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua praticamente a mesma da pesquisa anterior, divulgada pelo instituto 53 dias atrás. Quanto ao petista, ao presidente e a Ciro Gomes (PDT), conhecidos por quase 100% dos entrevistados, “as atitudes aparecem engessadas”, diz o cientista político Antonio Lavareda, sobre a rejeição. Entre os pesquisados, 58% afirmam que não votariam “de jeito nenhum” no atual presidente. O volume de rejeição , eram 59%. Os eleitores que respondem que não votariam em Lula se mantêm, como no estudo anterior, em 43%. No caso de Ciro, seguem os mesmos 40%.

Até o momento, portanto, não houve alteração positiva para o atual chefe de governo em decorrência da aprovação da PEC do Auxílio (ou PEC das Bondades), considerada a bala de prata com a qual Bolsonaro pretende reverter a vantagem de Lula na corrida pelo Palácio do Planalto.

A pesquisa mostra que “com certeza votariam” no ex-presidente 44%, enquanto 11% dizem que “poderiam votar”, compondo um potencial de voto de 55%. Entrevistados que votariam em Bolsonaro “com certeza” são 34%, com outros 8% de “talvez”. Portanto, a rejeição a Bolsonaro é muito maior do que seu potencial de voto de 42%

44% a 35% para Lula

Lula está na liderança para a disputa pelo Palácio do Planalto no primeiro turno, no voto estimulado, com 44%, seguido por Bolsonaro, que aparece com 35% (em junho, a vantagem era de 45% a 34%). O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) vem em terceiro, com 9%, seguido pela senadora Simone Tebet (MDB), com 4%. Depois, o deputado federal André Janones (Avante), com 2%, o empresário Pablo Marçal (Pros) e o cientista político Luiz Felipe D’Avila (Novo), ambos com 1%. Vera Lucia (PSTU), Sofia Manzano (PCB), Luciano Bivar (União Brasil), José Maria Eymael (DC) e Leonardo Péricles (UP) não pontuaram.

Em um eventual segundo turno entre os atuais líderes, Lula (PT) tem 53% e Bolsonaro, 36%, enquanto 11% não sabem ou não responderam.

O Ipespe entrevistou 2 mil pessoas por telefone de 16 anos ou mais, entre os dias 20 de 22 de julho. A margem de erro é de 2,2 pontos para mais ou para menos (na pesquisa anterior o índice era 3,2%). A pesquisa foi registrada no TSE sob o número BR-08220/2022.

Bipolarização se mantém

De acordo com a análise de Lavareda, a bipolarização não cede. Lula e Bolsonaro concentram 70% do voto espontâneo, o petista com 40% e o ex-capitão com 30%, enquanto os demais somados não chegam a 10%. O grau de interesse na eleição aumenta de 69% para 71% em relação a junho.

A pesquisa mostra que Lula se destaca em três segmentos: entre os mais jovens (16-34 anos), o ex-presidente vence por 50% a 27%. No eleitorado feminino, Lula tem 48% contra 30% de Bolsonaro. Na faixa de zero a dois salários mínimos, o petista marca 51%, e Bolsonaro, apenas 28%. Esses dados explicam a liderança do ex-presidente, aponta Lavareda.

O eleitorado de menor faixa de renda é o público alvo das medidas que o governo conseguiu aprovar no Congresso há duas semanas. Mesmo ainda não tendo chegado ao bolso das pessoas, Bolsonaro e assessores esperavam que a aprovação e a divulgação das medidas já pudessem começar a influenciar a pesquisa, o que ainda não aconteceu.

Período decisivo

Segundo Lavareda, a avaliação dos chefes de Executivo costuma melhorar entre junho e julho dos anos de eleição, em decorrência dos “intensos investimentos publicitários deflagradas até 30 de junho, prazo limite da legislação eleitoral”. No período também aumenta o volume de inaugurações e atos oficiais, e isso, em 2022, foi reforçado pelos esforços de baixar o preço dos combustíveis e sobretudo pela aprovação da PEC que “atropelou pela primeira vez na história o período de vedação legal e criou novos benefícios pecuniários para diversos segmentos do eleitorado”, aponta o analista.

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“Esses fatos alimentaram a expectativa de um movimento ascensional mais vigoroso na curva de aprovação do governo, ainda não confirmada nesse levantamento. A esperança do campo oficial mira, então, em eventuais mudanças no humor dos que receberão o primeiro pagamento do auxílio turbinado, uma vez lhes chegando às mãos no início de agosto”, conclui.

Relatório completo da pesquisa XP/Ipespe