Disputa em jogo

Eliziane Gama busca ineditismo ao sair na disputa pela presidência do Senado

A senadora do PSD-MA vem traçando estratégias para suceder Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na presidência do Senado em 2025. Desafio inicial é unificar o partido em torno de seu nome contra Alcolumbre, Renan Calheiros e Rogério Marinho, também cotados

Pedro França/Agência Senado
Pedro França/Agência Senado
"Chegou a hora de o Congresso ter, de fato, uma mulher no seu comando. Nós precisamos ter essa compreensão e lutar por isso", defendeu Eliziane Gama

São Paulo – A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) vem trabalhando nos bastidores para suceder o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no cargo em 2025. A parlamentar vem buscando apoio da bancada feminina na Casa e uma união do partido em torno de seu nome.

Em 197 anos de história, o Senado nunca elegeu uma mulher presidente no Senado. As mulheres também são minorias na Casa, que conta com apenas 18 senadoras em um universo de 81 parlamentares. Para romper essa barreira história, Eliziane também terá de conseguir os votos dos homens. Em reportagem do UOL, a senadora reconhece a “missão árdua”. Entre a bancada feminina, a expectativa é garantir ao menos 10 votos. Ficariam de fora apenas os votos das senadoras bolsonaristas, que ideologicamente estão num campo oposto.

Senadora desde 2019, Eliziane ganhou projeção após assumir, neste ano, a relatoria da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro. No cargo, porém, ela vem sendo alvo de ataques e comentários machistas de parlamentares da oposição, como o senador Marco Feliciano (PL-SP) que a acusou de ter um relatório “pronto” e de já saber de quem vai pedir o indiciamento. Na mesma sessão, o bolsonarista ainda afirmou que “não há respeito nenhum” nos trabalhos da CPI que está “rotulada”.

Bancada feminina e governo Lula

Em resposta, Eliziane disse que Feliciano busca provocá-la, comportando-se como uma “pessoa abjeta, misógina”. A senadora também afirmou que Feliciano não iria intimidá-la e que ele “não merecia” ser chamado de pastor. A fala foi aplaudida e a senadora também vem contando com o apoio da bancada feminina na condução da CPI. Largando com entre 20 e 25 votos, segundo a reportagem, ela conseguiria mostrar que sua candidatura é viável.

Outra estratégia é garantir o apoio do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vem cobrando maior representatividade de mulheres na política. Os aliados ponderam que ainda é cedo para conseguir uma sinalização do Planalto. Mas defendem que a senadora tem sido uma aliada na CPI e nas lutas por pautas progressistas. Além de integrar um partido base do presidente da República.

Apoio partidário

O primeiro passo, contudo, será unificar o partido em torno do seu nome. O PSD tem hoje a maior bancada do Senado, com 15 parlamentares. O próprio Pacheco deve ter papel importante na decisão. O presidente da Casa Legislativa mantém boa relação com Eliziane, mas também é próximo de Davi Alcolumbre (União-AP), cujo nome é aventado. Assim como os dos senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Rogério Marinho (PL-RN).

O apoio partidário é considerado fundamental para não repetir o pleito em 2021, com a então senadora Simone Tebet, hoje ministra do Planejamento. Inicialmente, Tebet tinha o apoio do MDB para se candidatar, mas precisou depois seguir como independente. No fim, ela recebeu 21 votos, ante 57 para o atual presidente do Senado. Neste ano, Pacheco foi reeleito e nenhuma mulher foi indicada, nem para a Mesa Diretora. “Chegou a hora de o Congresso ter, de fato, uma mulher no seu comando. Nós precisamos ter essa compreensão e lutar por isso”, defendeu Eliziane Gama ao UOL.