São Paulo – Dois meses depois de o agora ex-procurador-geral da República (PGR) Augusto Aras deixar o posto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não nomeou o substituto. Lula não tinha nenhuma pressa de emplacar o nome, como inclusive manifestou a interlocutores. A ideia era que a chefe interina do Ministério Público Federal, Elizeta Ramos, fosse tocando o barco até dezembro, pelo menos.

Porém, depois de Elizeta ter feito nomeações internas que desagradaram o governo, Lula agora tem pressa. Ele teria decidido “acelerar” a indicação, que deve ser feita nos próximos dias, segundo especulações em Brasília.

A atual PGR interina decidiu trocar o coordenador da 5ª Câmara do MPF, à qual compete combater a corrupção. Elizeta substituiu Ronaldo Albo por Alexandre Camanho, que teria um perfil lavajatista. O receio por eventuais novas medidas semelhantes acendeu a luz amarela no governo.

O presidente também não demonstra pressa na nomeação do substituto da ex-ministra do STF Rosa Weber, que se aposentou em setembro.

Paulo Gonet aparece como favorito

Informações da Reuters replicadas por grande parte da mídia em Brasília dão conta de que o subprocurador-geral da República e vice-procurador-geral Eleitoral, Paulo Gonet, é o atual favorito para ser indicado como novo procurador-geral da República. Não há novidade nisso, já que ele já era citado como candidato forte.

Em encontro com Lula na segunda-feira (13), no Planalto, o presidente do Congresso e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), teria defendido o nome de Gonet. Segundo o colunista Guilherme Amado, do Metrópoles, isso teria pesado a favor da definição, embora ainda não haja confirmação alguma.

Além disso, Paulo Gonet é próximo aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, o que favoreceria uma relação “harmônica” entre os poderes.

A cotação de Gonet também cresceu desde o julgamento da inelegibilidade de Jair Bolsonaro em junho. O vice-procurador-geral eleitoral apresentou um parecer contundente em defesa da punição ao ex-presidente.

Outros nomes

Outro nome cotado, mas que se enfraqueceu e agora corre por fora, é o do subprocurador Antonio Carlos Bigonha, preferido de setores mais progressistas. Porém, como ele é o mais à esquerda dos possíveis indicados, setores mais pragmáticos ligados a Lula defendem um nome mais independente. Ele também não teria sido muito convicente ao ser entrevistado por Lula.

Nas últimas semanas, o subprocurador Aurélio Rios, também de ala mais progressista da PGR, passou a ser citado. Mas é uma “zebra”, porque não teria apoios políticos de peso.

Segundo levantamento da Folha de S. Paulo, a demora para a indicação do substituto de Aras por Lula se tornou a maior desde a redemocratização do país.