"Terceirização"

Defesa e partido de Bolsonaro jogam culpa por fraude da vacina nas costas de Mauro Cid

Argumento de que ex-ajudante de ordens agiu por conta própria sem que Bolsonaro soubesse foi reforçada por líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes

Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Cleia Viana/Câmara dos Deputados
“Se ele (Bolsonaro) disse que não se vacinou, não pode ter fraude no cartão de vacina", diz líder do PL

São Paulo – O líder na Câmara dos Deputados do PL, o partido de Jair Bolsonaro, o deputado federal Altineu Côrtes (RJ), deixou claro, na manhã desta sexta-feira (5), que a legenda também vai jogar o ex-ajudante de ordens do ex-presidente, o tenente-coronel Mauro Cid, aos leões. A estratégia de culpar o ex-braço-direito de Bolsonaro pelas fraudes nos cartões de vacina não é, portanto, apenas dos advogados da defesa do ex-chefe de governo.

“Como chefe de Estado, em todas as idas dele (Bolsonaro) ao exterior, ele não precisava usar cartão de vacina, até porque ele não tinha”, disse o deputado à GloboNews, sobre a investigação de fraude em cartão de vacinação. “Falsificar cartão de vacina, isso não existe”, acrescentou, em referência a Mauro Cid.

Na quarta-feira (3), Altineu foi à tribuna da Câmara para defender o ex-presidente do escândalo. “Se ele (Bolsonaro) disse que não se vacinou, não pode ter fraude no cartão de vacina dele”, disse.

Recado dado

Na manhã da mesma quarta-feira em que foi alvo de mandado de busca e apreensão da Polícia Federal em sua casa, Bolsonaro negou qualquer fraude e já deixava clara a estratégia de sua defesa, expressa pelo deputado Côrtes.

“Nunca me foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum. Não existe adulteração da minha parte. Não existe. Eu não tomei a vacina. Ponto final. Nunca neguei isso”, disse o ex-presidente à porta de sua residência em Brasília.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, aliados de Bolsonaro avaliam que Cid não terá alternativa a não ser reconhecer ter adulterado os documentos.