Operação Venire

‘Não existe adulteração da minha parte’, diz Bolsonaro a jornalistas

Mesmo acuado por operação da PF, ex-presidente mantém negacionismo. “Eu não tomei a vacina, uma questão pessoal minha, depois de ler a bula da Pfizer”

Reprodução/YouTube
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“O meu telefone não tem senha. Não tenho nada a responder sobre nada", diz Bolsonaro em frente a sua casa

São Paulo – O ex-presidente Jair Bolsonaro falou à imprensa à porta de sua casa na manhã desta quarta-feira (3), em Brasília, sobre a Operação Venire, da Polícia Federal, desencadeada a partir de investigação de suposta fraude em cartões de vacinação do ex-chefe de governo e familiares. No início, Bolsonaro falou por meio de frases para pontuar o episódio. “Estou com dois advogados aqui. O objetivo da busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro… Cartão de vacina”, começou.

“O que eu tenho a dizer a vocês: eu não tomei a vacina, uma questão pessoal minha, depois de ler a bula da Pfizer. O cartão de vacina da minha esposa também foi fotografado. Ela tomou a vacina nos Estados Unidos, da Jansen, e a outra minha filha, a Laura, atualmente 12 anos, não tomou a vacina também, tem o laudo médico. O resto, eu fico realmente surpreso com uma busca e apreensão por esse motivo, tá ok?”, disse o ex-presidente.

A operação foi autorizada pelo ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e prendeu o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid Barbosa. Ao todo foram expedidos 16 mandados de busca e apreensão.

Fico surpreso”

“Eu não tenho mais nada o que falar”, acrescentou. Afirmou que estava se dirigindo à sede de seu partido, o PL. Mas, em seguida, voltou, e repetiu o que dissera sobre a esposa e a filha. “Em momento nenhum eu falei que tomei a vacina. Realmente fico surpreso… busca e apreensão. Mas todo mundo é igual, todo mundo é cidadão, mas fazer uma busca e apreensão na casa de um ex-presidente pra criar um fato… Hoje em dia no Brasil tudo é possível”, disse.

A seguir, uma repórter quis saber sobre o suposto cartão de vacina adulterado.

– Quem teria adulterado o cartão?
– Eu não tomei vacina.
– Mas eles falaram que houve uma adulteração no cartão de vacina pro senhor entrar nos Estados Unidos.
– Nunca me foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum. Não existe adulteração da minha parte. Não existe. Eu não tomei a vacina. Ponto final. Nunca neguei isso.

“Meu celular foi levado”

Depois, o ex-presidente consultou os advogados sobre celulares. Um dos defensores (sem aparecer na imagem) começou a dizer que não havia apreensão de celular, mas Bolsonaro o interrompeu. “Meu celular foi levado, o meu foi apreendido”, disse.

“O meu telefone não tem senha. Não tenho nada a responder sobre nada, não é cartão apenas. Agora, que bom se menos tivéssemos num pais democrático onde se pudesse discutir todos os assuntos. Até assunto que é proibido falar no Brasil. Um deles é a vacina”, reclamou, antes de entrar no carro.

Um dos advogados de Bolsonaro falou rapidamente aos jornalistas. “Não tivemos acesso ao inquérito. Não tem maiores informações do porquê fizeram esse ato que considero arbitrário e  precipitado. Após ter acesso ao inquérito daremos outras declarações”, declarou Marcelo Luiz Ávila de Bessa.