Em São Paulo

Debate avalia os 60 anos do golpe e o que falta para aperfeiçoar a democracia

Assembleia Legislativa recebe especialistas para debate organizado em três frentes: encarceramento da juventude, violência policial e combate ao crime organizado  

Acervo DCS - Apesp
Acervo DCS - Apesp
Há 40 anos: foto mostra políticos engajados na luta por eleições – Fernando Henrique Cardoso, Leonel Brizola e Franco Montoro

São Paulo – A bancada de deputados progressistas na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) promove na segunda-feira ( 1°) um debate para avaliar pontos em que a democracia brasileira ainda precisa avançar para ser considerada uma democracia de fato. A discussão terá lugar no contexto dos 60 anos do golpe militar, que jogou o país em uma era de opressão e retrocessos. Assim, o debate será organizado com o tema ”60 anos do golpe de 1964, 40 anos das diretas já: O que falta democratizar?”

Na avaliação do líder da Federação PT/PCdoB/PV, deputado Paulo Fiorilo, há lacunas na nossa democracia com o racismo estrutural que precisa ser desmontado a cada dia. Também as desigualdades de gênero, violência contra as mulheres e a homofobia, que faz do Brasil o país que mais mata pessoas LGBTI+ no mundo. Isso também entre outras violências e desigualdades econômicas e sociais, que persistem na nossa sociedade. “A questão central que queremos debater é o que falta democratizar, discutirmos o passado buscando respostas para enfrentar esses problemas”, afirma Paulo Fiorilo.

Participam do debate o Instituto Sou da Paz; o cientista político André Zanetic (integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública); e a professora Camila Dias, da Universidade Federal do ABC e coautora do livro “A Guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil”.

Para os organizadores, a iniciativa parte da constatação de que é fundamental discutir frequentemente o que levou à instauração da ditadura no país, para que não volte a se repetir, como tentaram fazer no dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

De acordo com Fiorilo, o evento traz um olhar sobre a importância das Diretas-Já para a transição democrática, que ainda não se completou, e aponta que há muitos espaços e situações em que deixam claro que o processo de democratização das instituições no Brasil ainda precisa de aperfeiçoamentos e impulsos.

O debate será dividido em três painéis

  • “Preto, pobre e periférico: encarceramento da juventude brasileira”, das 10h às 11h30, com Marivaldo Pereira (secretário-executivo-adjunto do Ministério da Justiça) e Preta Ferreira (cantora, compositora, atriz e multi ativista dos movimentos negro e de moradia);
  • “Presunção de inocência e atuação da polícia”, das 11h30 às 13h, com Carolina Ricardo (diretora-executiva do Instituto Sou da Paz) e André Zanetic (cientista político e integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública);
  • “Desmilitarização da PM e Combate ao Crime Organizado”, das 14h às 15h30, com Isabel Figueiredo (diretora na Secretaria Nacional de Segurança Pública – SENASP, do Ministério da Justiça) e Camila Dias (professora da Universidade Federal do ABC e coautora do livro “A Guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil”).

Serviço – Debate: 60 anos do golpe de 1964, 40 anos das Diretas-Já: O que falta democratizar?; Local: Alesp, Auditório Teotônio Vilela, Av. Pedro Álvares Cabral, 201 – Moema; data: 1º de abril