Entrevista

‘Bolsonaro vai perder’ e povo vai ‘restaurar a democracia’, diz Lula a jornal francês

A um ano das eleições, ‘Libération’ destaca que Lula desafia “presidente de extrema-direita” e lidera todas pesquisas para 2022

Reprodução/Libération
Reprodução/Libération
Lula disse que Bolsonaro não tem credibilidade junto aos brasileiros por “incapacidade política e psicológica”

São Paulo – “O Bolsonaro perderá e deixará o poder, como deve ser”, disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao jornal francês Liberátion nesta quinta-feira (7). Além disso, o líder petista declarou que, após deixar a presidência, Bolsonaro terá que responder na Justiça por “atos arbitrários” cometidos durante o governo. Na entrevista, que ganhou a primeira página da publicação, Lula disse ainda que “o povo brasileiro vai se encarregar de acabar com esta era de incertezas, para restaurar a plenitude democrática”.

O Libération destaca que, a um ano das eleições, Lula lidera todas as pesquisas contra Bolsonaro, chamado de “presidente de extrema-direita”. À correspondente Chantal Rayes, o ex-presidente afirmou que o capitão “não está em posição de desferir um golpe”. Além disso, não tem credibilidade junto aos brasileiros por “incapacidade política e psicológica”.

“Bolsonaro não é uma pessoa civilizada. Ele não gosta de pobres, nem de indígenas, nem de mulheres, nem de LGBT, nem de sindicatos, nem de democracia”, criticou Lula ao jornal francês.

Nesse sentido, Lula também afirmou que o atual presidente jogou “no lixo” a diplomacia brasileira, comprometendo a imagem do Brasil no exterior. “Tendo olhos apenas para Trump, ele falou mal da China, Rússia, Argentina, Bolívia, Chile … Ele até ofendeu pessoalmente (a primeira-dama francesa) Brigitte Macron”, lembrou o ex-presidente.

Bolsa Família

Lula também denunciou como manobra eleitoreira a tentativa de Bolsonaro de alterar o nome do Bolsa Família. “Como fui eu quem criou o Bolsa Família, o presidente quer mudar o nome do programa na esperança de convencer as pessoas a votar nele. Mas o povo é inteligente e não vai se deixar enganar.”

O ex-presidente disse ainda que, ao criar o Bolsa Família, a ideia é que seria um programa temporário. Mas, diante do avanço das desigualdades, não só no Brasil, mas em todo o mundo, ele apoia a criação de uma renda universal permanente “para aqueles que a nova economia expulsou do mercado de trabalho”. Lula lembrou ainda das críticas dirigidas ao Bolsa Família, mas que depois foram revertidas em reconhecimento internacional, em função dos critérios adotados, servindo de exemplo de política social para diversos países.