Mais contradição

Bolsonaro sugeriu aborto para conter gastos com políticas sociais no governo Lula

No debate, Bolsonaro disse que defendeu a “pílula abortiva” há mais de 30 anos. Mas foi também durante o governo Lula, como uma arma para conter gastos com “demagogia nos projetos sociais”

Reprodução
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No vídeo que circula nas redes, Bolsonaro defende rígido controle da natalidade contra investimentos na área social

São Paulo – O candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) tentou desconversar sobre a sua defesa da “pílula do aborto” durante sua carreira parlamentar, que durou 27 anos. Surpreendido no debate da Globo pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que leu transcrição de uma fala do então deputado, de abril de 1992, o atual presidente buscou minimizar a contradição. E fez as acusações costumeiras contra Lula, que revidou lembrando que tem filhos, netos e uma bisneta.

No entanto, Bolsonaro voltou a fazer a defesa da pílula, sugerindo o aborto, em outras ocasiões mais recentes. Inclusive já durante o governo de Lula. E mais: para conter o gasto com programas sociais pagos, segundo ele, “pela sociedade, os que trabalham, os que produzem, pagam impostos”. É o que mostra um vídeo resgastado por internautas, que circula nas redes sociais.

O vídeo mostra o então deputado Bolsonaro discursando no Congresso, onde cita a China como exemplo, que estaria “fazendo aborto até de mães com 8 meses de gravidez”. E diz ainda que investimento público em programas sociais para beneficiar populações mais pobres, que também pagam imposto, é “demagogia”.

“Quem quiser traduzir a palavra controle para planejamento, fique a vontade. Eu falo em controle da natalidade. Nós vemos a china como está, com 1 bilhão e 400 milhões de habitantes, com controle rígido de natalidade. Com a pílula do aborto funcionando, com aborto até de mães com 8 meses de gravidez, sendo submetidas ao aborto. E mesmo assim, a China cresce a uma taxa de 20 milhões de habitantes por ano”, diz Bolsonaro no vídeo.

E prossegue: “Nós temos de adotar urgentemente uma política de controle da natalidade em nosso país. E eu como parlamantar não posso apenas falar. Eu tenho de mostrar o que está sendo feito. E a conta cai para a sociedade, os que trabalham, os que produzem, pagam impostos e aí o dinheiro vira essa demagogia que nós vimos por aí nos projetos sciais que sou radicalmente contra. Projeto social tem de ser emergencial, por um tempo fixo e limitado, e não duradouro e eterno como nós estamos assistindo. Não estou culpando Lula, mas Lula, FHC e todos que estão por aí”.

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Mas as redes sociais

Redação: Cida de Oliveira