antidemocrático

Isolado, Bolsonaro deve declarar respeito às urnas, mas sem cumprimentar Lula

Segundo ministros, Bolsonaro fará pronunciamento sem contestar o resultado das urnas, que deu vitória a Lula. No entanto fará críticas ao Judiciário na condução das eleições

Marcos Corrêa/PR
Marcos Corrêa/PR
No escândalo da vez, ex-presidente tem de explicar ação para forjar carteira que vacinação para entrar nos Estados Unidos

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro (PL) deverá fazer pronunciamento sem contestar o resultado das urnas, que deram ontem (30) vitória ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com o jornal O Globo, Bolsonaro manteve uma série de conversas ao longo do dia no Palácio do Planalto com ministros. Entre eles, Paulo Guedes, Carlos França, Ciro Nogueira e Fabio Faria, que o aconselharam a fazer esse pronunciamento.

Segundo o jornal, Bolsonaro deverá incluir em sua manifestação críticas à condução do processo eleitoral por parte do Judiciário. E também não deverá parabenizar o vencedor das eleições.

Ainda não foi definida data para a fala do atual presidente. Os ministros pediram a ele inclua em seu pronunciamento o desejo de que “o país seguisse tranquilo o seu caminho”, conforme relatou um dos ministros que participou desas negociações. O mais provável, porém, é que somente amanhã Bolsonaro defina sua posição.

O pronunciamento oficial sobre o resultado das urnas era esperado para esta segunda-feira (31). No entanto, não houve declaração a jornalistas ou mesmo postagem nas redes sociais. Até então ativo no Twitter, Bolsonaro não postou mais nada em seu perfil da abertura das urnas para cá. Dos filhos, somente o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se manifestou nesta tarde, pela rede social.

“Obrigado a cada um que nos ajudou a resgatar o patriotismo, que orou, rezou, foi para as ruas, deu seu suor pelo país que está dando certo e deu a Bolsonaro a maior votação de sua vida! Vamos erguer a cabeça e não vamos desistir do nosso Brasil! Deus no comando!”

Pela manhã, o atual presidente deixou o Palácio da Alvorada sem falar com a imprensa. Também não falou com apoiadores e seguiu para o Palácio do Planalto, por volta das 9h30.

Bolsonaro é o primeiro presidente a não conseguir se reeleger na história recente, o que explicaria em parte seu silêncio. “Eu acho que ele vai se recolher. Ele sempre reclamou muito: ‘O que eu estou fazendo aqui? Poderia estar na minha chácara, pescando’”, disse ao jornal O Estado de S.Pauo o deputado eleito Alberto Fraga (PL-DF), amigo de Bolsonaro há 40 anos, sobre os hábitos de pescar na região de Angra dos Reis (RJ). “Do jeito que ele não tem ligação com a mídia, quando deixar de ser presidente ninguém vai procurar Bolsonaro. Político sem mandato é abelha sem ferrão.”

A disposição ao recolhimento de Bolsonaro em caso da vitória de Lula, segundo o jornal, foi expressa pelo próprio presidente às vésperas da eleição. “Se for a vontade de Deus, eu continuo. Se não for, a gente passa aí a faixa e vou me recolher. Porque, com a minha idade, eu não tenho mais nada a fazer aqui na Terra. Se acabar essa minha passagem pela política, aqui. Obrigado a todos”, disse Bolsonaro a um podcast de influenciadores evangélicos, às vésperas do primeiro turno.

O recolhimento começou neste domingo. No fim da tarde, quando deixou o Palácio da Alvorada em comboio presidencial e não falou com os apoiadores. Saiu sem informar o local de onde acompanharia a apuração.