Prática de condutas ilícitas

Alexandre de Moraes determina prisão de líder bolsonarista e golpistas queimam carros em Brasília

Após tentarem invadir sede da Polícia Federal na Asa Norte, golpistas bolsonaristas queimam carros. Eles se rebeleram contra a prisão de uma liderança pedida ao STF pela Procuradoria-Geral da República

Reprodução/Twitter
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Bolsonaristas queimam carros estacionados nas imediações da sede da PF na Asa Norte

São Paulo – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou hoje (12) a prisão temporária do líder bolsonarista José Acácio Serere Xavante por suposta prática de condutas ilícitas em atos antidemocráticos. A prisão, que tem prazo inicial de dez dias, atende pedido da Procuradoria-Geral da República e se fundamentou na necessidade de garantia da ordem pública. Segundo nota do STF, há indícios nos autos da prática dos crimes de ameaça, perseguição e abolição violenta do Estado Democrático de Direito – previstos no Código Penal.

A medida foi recebida com violência pelos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que quebraram pelo menos nove carros e tentaram invadir a sede da Polícia Federal (PF), na Asa Norte, em Brasília. A confusão aconteceu no começo desta noite (12). Trajando a camiseta amarela da Seleção Brasileira, típico uniforme do bolsonarismo, o grupo danificou os veículos que estavam estacionados nos arredores do prédio da PF.

A depredação só acabou quando policiais federais dispararam tiros de bala de borracha. Conforme alegaram alguns dos bolsonaristas, o ato de vandalismo foi devido à “prisão injusta de um indígena”. Trata-se do Cacique Serere, liderança indígena que apoia o presidente Bolsonaro, muito conhecido entre os golpistas que estão acampados diante do Quartel General do Exército. O cacique é conhecido por fazer os discursos mais inflamados, especialmente contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Cena de Guerra em Brasília após decisão de Alexandre de Moraes

Vídeos que circulam nas redes sociais dão uma ideia da violência empregada. Há bolsonaristas armados com pedaços de pau, correndo em direção à sede da Polícia Federal. Um deles diz que um ônibus com mais bolsonaristas chegaria para reforçar a manifestação antidemocrática. Muito exaltado, um deles gritava: “Eu posso morrer aqui hoje, não tem problema, não”.

A Polícia Federal pediu reforço para proteger o prédio contra a fúria dos bolsonaristas, que deixaram paus e pedras espalhados por todo canto.

Ainda segundo o STF, a Polícia Federal (PF) informa que Serere Xavante teria realizado manifestações de cunho antidemocrático em diversos locais de Brasília. Notadamente em frente ao Congresso Nacional, no Aeroporto Internacional de Brasília, no qual invadiram a área de embarque; no centro de compras Park Shopping, na Esplanada dos Ministérios, por ocasião da cerimônia de troca da bandeira nacional e em outros momentos). E ainda em frente ao hotel onde estão hospedados o presidente e o vice-presidente da República eleitos.

Ao pedir a prisão temporária, a PGR argumentou que a liderança vem se utilizando da sua posição de cacique do Povo Xavante para arregimentar indígenas e não indígenas para cometer crimes, mediante a ameaça de agressão e perseguição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.

Prisão foi pedida ao STF pela PGR

“A manifestação, em tese, criminosa e antidemocrática, revestiu-se do claro intuito de instigar a população a tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo a posse do presidente e do vice-presidente da República eleitos”, registrou a PGR.

Ao examinar o pedido da PGR, Moraes ressaltou que as condutas do investigado, amplamente noticiadas na imprensa e divulgadas nas redes sociais, se revestem de agudo grau de gravidade e revelam os riscos decorrentes da sua manutenção em liberdade. Isso porque Serere Xavante convocou expressamente pessoas armadas para impedir a diplomação dos eleitos. “A restrição da liberdade do investigado, com a decretação da prisão temporária, é a única medida capaz de garantir a higidez da investigação”, afirmou Moraes.

Evangélico e autodenominado pastor, Tserere ganhou notoriedade entre grupos bolsonaristas desde que as manifestações em frente ao Quartel-General do Exército começaram em Brasília, logo após a derrota de Jair Bolsonaro nas urnas, em 30 de outubro.

Redação: Cida de Oliveira