Investigação

À PF, Delgatti detalha reunião no Ministério da Defesa

O hacker Walter Delgatti também apresentou áudio de assessora de Zambelli prometendo pagamento e reafirmou acusações feitas à CPMI

Lula Marques/Agência Brasil
Lula Marques/Agência Brasil
"Ele reiterou o que foi dito ontem na CPMI", diz advogado

São Paulo – Em depoimento à Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira (18), o hacker Walter Delgatti deu detalhes da sala em que esteve no Ministério da Defesa durante o governo Bolsonaro. Ontem, à CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro, Delgatti disse que esteve cinco vezes no ministério no ano passado e que “orientou” o relatório dos militares sobre a segurança do sistema de votação.

De acordo com o advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, trata-se de “indícios de prova” o que o seu cliente apresentou hoje no depoimento. “A autoridade policial deve agora, nas investigações, encontrar as provas de que o Walter esteve na Defesa”.

À CPMI, o hacker detalhou que o coronel Marcelo Câmara o levou até o ministério pela porta dos fundos. “Fui cinco vezes, ao todo, no Ministério da Defesa. Falei com o ministro Paulo Sérgio Nogueira e com o pessoal do TI (Tecnologia da Informação)”, afirmou. “Ele (Bolsonaro) me assegurou um indulto caso eu fosse preso referente às ações sobre a urna eletrônica”, disse.

Delgatti já havia deposto à PF na última quarta-feira, mas não havia citado a oferta de indulto, nem as idas ao ministério. Na chegada ao depoimento, Ariovaldo Moreira não descartou a possibilidade de uma delação premiada, que poderia envolver justamente a participação dos militares nos ataques às urnas eletrônicas.

O advogado disse que Delgatti reafirmou à PF todas as acusações feitas ontem durante a CPMI. “Ele reiterou o que foi dito ontem na CPMI. […] Exatamente o que ele disse ontem. Tudo o que os senhores ouviram ontem, o Walter hoje repetiu para a autoridade policial”, disse Moreira.

Provas contra Zambelli

Além disso, Delgatti também apresentou um áudio de uma assessora da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) sobre pagamentos relativos aos serviços prestados. Foi a parlamentar que intermediou a aproximação de Bolsonaro com o hacker durante a campanha eleitoral. “Ele apresentou para o delegado que preside a investigação um áudio onde uma pessoa, assessora de Zambelli, faz promessas de pagamento”, declarou Ariovaldo.

Na quarta, ele já havia confirmado aos policiais que invadiu sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a mando da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). E apresentou provas de que recebeu R$ 40 mil da parlamentar para fazer o serviço.