desmoralizado

Hacker da Vaza Jato afirma que Moro é ‘criminoso contumaz’

À CPMI do Golpe, Delgatti disse que leu mensagens privadas de Moro, e que o ex-juiz “cometeu diversas irregularidades e crimes”

TV Senado/Divulgação
TV Senado/Divulgação
Após acusar Moro de ter cometido diversos crimes, Delgatti pediu "escusas"

São Paulo – O hacker Walter Delgatti e o senador Sergio Moro (União-PR) bateram boca na sessão desta quinta-feira (17) na CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro. Delgatti chegou a chamar o ex-juiz titular da Operação Lava Jato de “criminoso contumaz”. A acusação aconteceu quando Moro quis saber quantos processos o hacker responde pelo crime de estelionato.

Delgatti disse que respondeu a quatro processos, e que foi absolvido em todos. Moro citou uma lista de mais de 40 ações judiciais, além de uma condenação. O hacker reagiu, dizendo que, em segunda instância, o processo “foi dado como prescrito”.

“Relembrando que eu fui vítima de uma perseguição em Araraquara, inclusive comparável à perseguição que o senhor fez com o presidente Lula e integrantes do PT. Ressaltando que eu li as conversas de vossa excelência, li a parte privada, e posso dizer que o senhor é um criminoso contumaz. Cometeu diversas irregularidades e crimes”, afirmou o hacker.

Delgatti ficou conhecido, em 2019, por ter tido acesso às mensagens trocadas entre Moro e os procuradores da Lava Jato. Ele obteve o material após invadir celulares de autoridades, inclusive de Moro, que à época era ministro da Justiça de Bolsonaro. As conversas obtidas por ele deram origem à série de reportagens capitaneadas pelo The Intercept Brasil, conhecida como Vaza Jato, que revelou o conluio montado por Moro para condenar ilegalmente o então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ficou impedido de disputar as eleições de 2018.

Escusas

Após ser acusado, Moro retrucou, alertando o depoimento que ele não poderia chamar um senador de “criminoso”, pois estaria cometendo crime de calúnia. Delgatti então pediu “escusas”, usando termo comumente empregado por Moro para justificar a série de crimes que cometeu. Ele, por exemplo, pediu “respeitosas escusas” ao Supremo Tribunal Federal (STF), em 2016, após divulgar um grampo ilegal de diálogo entre a então presidenta Dilma Rousseff (PT) e Lula.

“Bandido aqui, desculpe senhor Walter, que foi preso é o senhor. O senhor foi condenado. O senhor é inocente como o presidente Lula, então?”, disse Moro, tentando ironizar. “O senhor não foi preso porque recorreu à prerrogativa de foro por função”, rebateu o hacker.

Posteriormente, Moro citou que Delgatti teria invadido os aplicativos de mensagens de mais de 170 pessoas. Delgatti confirmou, e voltou a atacar o ex-juiz da Lava Jato. “Inclusive, cheguei às conversas do senhor com o então procurador Dallagnol e essas conversas foram chanceladas pelo STF e são utilizadas até hoje para anular condenações de pessoas inocentes”, afirmou Delgatti.

“Pessoas que cometeram crime contra a Petrobras e roubaram dinheiro, é isso…”, respondeu Moro. “Eu fico com a versão do STF“, rebateu novamente o hacker.

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Redação: Tiago Pereira – Edição: Helder Lima