Apuração

Hacker Delgatti volta a depor à PF nesta sexta

Polícia Federal quer identificar as pessoas que se reuniram com o hacker no Ministério da Defesa para tratar das urnas eletrônicas. “Falei com o ministro”, disse Delgatti à CPMI

Lula Marques/ Agência Brasil
Lula Marques/ Agência Brasil
Levado por coronel, Delgatti contou que entrou no Ministério da Defesa pela porta dos fundos

São Paulo – A Polícia Federal (PF) convocou o hacker Walter Delgatti a depor novamente nesta sexta-feira (18). O hacker será ouvido mais uma vez após fazer declarações bombásticas à CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro. Ele afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria lhe prometido indulto se conseguisse invadir as urnas eletrônicas. Disse ainda que esteve cinco vezes no Ministério da Defesa e que “orientou” o relatório dos militares sobre a segurança do sistema de votação.

Delgatti já havia prestado depoimento à PF nesta quarta-feira (16), quando confirmou que invadiu sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a mando da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Ele ainda apresentou provas de que recebeu R$ 40 mil da parlamentar para fazer o serviço.

De acordo com a jornalista Julia Duailibi, da Globonews, “a PF quer mais detalhes sobre quem foram as pessoas com quem Delgatti conversou quando esteve no Ministério da Defesa”. Além disso, o hacker teria omitido aos policiais detalhes revelados nesta quinta (16).

À CPMI, Delgatti detalhou que o coronel Marcelo Câmara o levou até o ministério pela porta dos fundos. “Fui cinco vezes, ao todo, no Ministério da Defesa. Falei com o ministro Paulo Sérgio Nogueira e com o pessoal do TI (Tecnologia da Informação)”, afirmou. “Ele (Bolsonaro) me assegurou um indulto caso eu fosse preso referente às ações sobre a urna eletrônica”, disse.

Grampo em ministro do STF

Em outra declaração gravíssima, Delgatti afirmou que Bolsonaro pediu a ele para assumir grampos contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A conversa com Bolsonaro, segundo ele, se deu num encontro com Zambelli num posto de gasolina. Ela inseriu um chip novo no celular, também “aparentemente novo” para ligar para o então presidente.

“Segundo ele (Bolsonaro), o grampo já havia sido realizado, com conversas comprometedoras do ministro (Alexandre de Moraes), e eles queriam que eu assumisse a autoria desse grampo, lembrando que à época eu era o hacker da Lava Jato, né”, detalhou. O grampo teria sido realizado por agentes de outro país. O ex-presidente teria dito ainda: “Fique tranquilo, se por acaso alguém lhe prender eu mando prender o juiz”, dando risada.