Jogo de ganhos

Eleições municipais de 2020 estão no fundo da disputa entre Bolsonaro e Bivar

Controle do PSL e do fundo eleitoral estão no centro desse racha, avalia professor de ciência política da Unicamp

PSL/Divulgação
PSL/Divulgação
De um lado, Bivar tentar garantir apoiadores nos diretórios estaduais para apostas municipais, enquanto por outro, Bolsonaro se alinha a outros partidos e tira exclusividade do PSL sobre "bolsonarismo"

São Paulo – A disputa entre Jair Bolsonaro e o presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), ganhou mais um capítulo nesta quarta-feira (23), quando a ala bivarista do partido oficializou à executiva nacional um pedido de expulsão do deputado Eduardo Bolsonaro (SP). Ele foi nomeado na segunda-feira (21) líder da sigla na Câmara, depois de uma conturbada “guerra de listas” para ocupar a função no lugar do deputado Delegado Waldir (GO).

Esse é mais um dos conflitos que se destacam desde as últimas semanas, quando novas denúncias de desvios de recursos públicos para manutenção de candidaturas laranjas do PSL vieram à tona. O racha teve início quando Bolsonaro declarou, ante uma investigação sigilosa de Bivar pela Polícia Federal, que o presidente do partido estaria “queimado” e foi intensificado com troca de xingamentos e bate-bocas entre os parlamentares.

Na verdade, todo esse conflito mascara uma disputa acirrada pelo controle do PSL e de seu fundo partidário, tendo como pano de fundo as eleições municipais em 2020, segundo avalia o professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Wagner Romão.

“Ela (eleição) também é central nessa disputa”, destaca o docente em entrevista aos jornalistas Marilu Cabañas e Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual. De acordo com Romão, o pleito para a escolha de prefeitos e vereadores no próximo ano deve ser bastante fragmentado, com cada partido lançando candidaturas próprias, com destaque justamente para o PSL, que conseguiu eleger a segunda maior bancada na Câmara, com 53 deputados federais, além de eleger três senadores. Ascensão que a legenda deseja conquistar também no âmbito municipal.

A notícia que corre, no entanto, ressalta o professor, é que diante da disputa no PSL, Bolsonaro estaria buscando apoio em outras legendas, o que pode impedir que o próprio partido do presidente se beneficie dessa onda.

“Por isso, o controle do PSL é fundamental. Luciano Bivar tem hoje o controle da Executiva Nacional. Ele inclusive a ampliou, colocando para dentro deputados e deputadas fiéis a ele e que agora estão mirando nos diretórios estaduais. O fato do PSL ser um partido em que os diretórios municipais têm pouca força, os diretórios estaduais são centrais nessa disputa”, explica o professor, adiantando que o pleito municipal será uma métrica importante para ver se o bolsonarismo perde sua força.

Ouça a entrevista na íntegra

 

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