Eurásia

Xi Jinping chega a Moscou e pode mediar ‘papel construtivo’ na resolução da guerra da Ucrânia

Líder chinês diz que relação com a Rússia defende a “não confrontação” e Putin afirma que “ações irresponsáveis podem minar a segurança nuclear global”

Ilia Pitalev/Sputnik
Ilia Pitalev/Sputnik
"A China e a Rússia são bons vizinhos e parceiros confiáveis, conectados por montanhas e rios”, diz Xi

São Paulo – O presidente chinês, Xi Jinping, desembarcou nesta segunda-feira (20) em Moscou, para uma visita oficial de três dias. O encontro de 20 a 22 de março com o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, é a reunião de cúpula internacional mais importante desde o início da guerra na Ucrânia. Os dois líderes haviam se encontrado pela última vez na primeira semana de fevereiro de 2022, na abertura da Olimpíada de Inverno na China, três semanas antes do conflito russo-ucraniano se iniciar.

“Estou muito satisfeito com o convite do presidente Vladimir Putin para retornar à terra de nosso vizinho próximo com uma visita oficial. Em nome do governo e do povo chinês, dirijo sinceras saudações e os melhores votos ao governo e ao povo da Rússia”, declarou Xi em uma nota escrita, segundo o site Sputnik.

Segundo ele, China e Rússia “são bons vizinhos e parceiros confiáveis, conectados por montanhas e rios”. “Durante estes dez anos, os laços bilaterais foram fortalecidos e desenvolvidos com base no não alinhamento, não confrontação e não direcionalidade contra terceiros, criando um novo modelo de relações intergovernamentais no espírito de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação mutuamente benéfica.”

Diplomacia

O encontro é a primeira sinalização real de que a China está disposta a mediar uma saída diplomática da guerra na Ucrânia. “Estamos gratos pela atitude equilibrada da República Popular da China em relação aos eventos que ocorrem na Ucrânia, pelo entendimento de sua história prévia e razões reais. Saudamos a prontidão da China em desempenhar um papel construtivo na resolução da crise”, disse Putin.

Segundo ele, a Rússia e a China defendem o estrito cumprimento da Carta das Nações Unidas e o respeito pelas normas do direito internacional. Afirmou que Moscou está comprometida com “o princípio da indivisibilidade da segurança, grosseiramente violado pelo bloco da Otan (a aliança militar ocidental). O líder russo afirmou estar preocupado com “ações irresponsáveis e simplesmente perigosas que podem minar a segurança nuclear global”. Acrescentou: “Não aceitamos sanções unilaterais ilegítimas, que devem ser canceladas”.

Recado a Washington

O tom das falas de Xi e de Putin são um recado aos Estados Unidos, que nunca cessaram de dirigir farpas a Pequim. A relação entre Washington e o gigante do Oriente é a mais tensa desde o fim da guerra fria. Com o discurso belicista crescente, os norte-americanos hoje governados por Joe Biden fornecem ajuda financeira e bélica à Ucrânia.

Enquanto isso, os EUA hostilizam Pequim por Taiwan, que historicamente é parte do território chinês. Em mais um capítulo da disputa geopolítica, agências internacionais informaram no domingo (19) que o ex-presidente de taiwanês Ma Ying-jeou fará uma viagem à China neste mês. É a primeira vez que um líder da ilha visita Pequim desde 1949, os dois países se dividiram com a Revolução Chinesa Cultural de Mao Tsé-Tung.

Construção da Eurásia

Segundo Wang Wenbin, representante oficial do Ministério das Relações Exteriores chinês, a visita de Xi Jinping dará um novo impulso às relações bilaterais. A parceria entre Rússia e China se fortalece, e aponta simbólica e concretamente para o amadurecimento de um novo eixo econômico e geopolítico mundial na Eurásia capaz de deslocar o monopólio financeiro-geopolítico norte-americano e europeu, sob a liderança de Rússia, China, Índia, Paquistão, Cazaquistão e Irã.

“Espero que durante a visita tenha uma troca de pontos de vista substancial com o presidente russo sobre questões das relações biliterais e importantes temas regionais e internacionais de interesse mútuo, (para) delinear o plano de desenvolvimento da interação estratégica e da cooperação prática”, disse Xi Jinping ao chegar a Moscou.

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