Quatro brasileiros são detidos por 10 horas na fronteira Jordânia-Israel

São Paulo – Um grupo de quatro brasileiros ficou detido por 10 horas em um posto de fiscalização do Exército israelense (checkpoint) posicionado na fronteira entre a Jordânia e a […]

São Paulo – Um grupo de quatro brasileiros ficou detido por 10 horas em um posto de fiscalização do Exército israelense (checkpoint) posicionado na fronteira entre a Jordânia e a Cisjordânia. Soraya Misleh, Hasan Zarif, Muhamad Kadri e Ibrahim Hammoud saíram do Brasil no sábado (14) para visitar familiares e participar dos protestos no mesmo dia, véspera do “Nakba”, que relembra os deslocamentos forçados de palestinos após a criação do Estado de Israel em 1948.

Eles visitaram um campo de refugiados palestinos na Jordânia e acompanharam protestos próximos à fronteira, no que foi considerado um grande certo às fronteiras dos territórios. Um jovem morreu na Jordânia, bem como pelo menos outros 15 na Síria e no sul do Líbano, vítimas de disparos das forças israelenses. Soraya Misleh, jornalista da Ciranda da Informação Independente, relata que o protesto foi reprimido com violência.

Na segunda-feira (16), ao tentar ingressar aos territórios palestinos, os brasileiros foram barrados pelas forças de ocupação. “Ficamos sete horas sendo intimidados, isolados uns dos outros, ameaçados, sofremos tortura psicológica nos interrogatórios, privação, revistas no corpo e bagagens. Fomos tratados como verdadeiros criminosos”, narra Soraya. O grupo diz ter sentido na pele o que vivem os palestinos que tentam cruzar as fronteiras, assim como estrangeiros em viagens de solidariedade à região.

Após o período, a entrada foi negada, impedindo que eles reencontrassem seus familiares. O carimbo com a negativa de ingresso ao Estado de Israel pode ainda causar constrangimentos em viagens a outros países. Os passaportes foram devolvidos sem qualquer explicação. Segundo o grupo, tudo que ouviram foi: “Voltem para a Jordânia”.

Apesar da devolução do documento, foi necessário esperar mais três horas até que o ônibus em que eles foram colocados deixasse a fronteira. “Ao todo, passamos quase dez horas sem comer e sem beber – tomamos um copo de água e duas bolachas após insistir muito”, narra Soraya. A jornalista esteve na Palestina em novembro de 2010, durante o Fórum Mundial de Educação.

O grupo defende que o governo brasileiro deve tomar providências para que “nenhum brasileiro passe novamente por isso”. Nesta terça-feira (17), o grupo irá à embaixada brasileira de Amã denunciar os maus-tratos e abusos de que foram vítimas, exigindo do governo providências após a atitude arbitrária de Israel contra cidadãos brasileiros tratados como criminosos.

Com informações da Ciranda da Informação Independente