ONU condena violência contra manifestantes líbios

NAÇÕES UNIDAS (Reuters) – O Conselho de Segurança da ONU repreendeu na terça-feira (22) o regime líbio pelo uso da força contra manifestantes pacíficos e pediu que os responsáveis por […]

NAÇÕES UNIDAS (Reuters) – O Conselho de Segurança da ONU repreendeu na terça-feira (22) o regime líbio pelo uso da força contra manifestantes pacíficos e pediu que os responsáveis por abusos sejam punidos.

Nota aprovada pelos 15 países do Conselho de Segurança manifestou grave preocupação com a situação na Líbia, onde centenas de civis foram mortos numa rebelião parcialmente inspirada pelos protestos que recentemente derrubaram governos nos vizinhos Egito e Tunísia.

O texto pede o fim imediato da violência e “passos para atender às legítimas exigências da população, inclusive por meio de um diálogo nacional”.

A declaração de nove parágrafos foi aprovada horas depois de o ditador Muammar Gaddafi aparecer na TV, em tom desafiador, prometendo esmagar a revolta contra seu regime, no poder desde 1969. Os rebeldes já controlam partes do leste do país, e a revolta chegou a Trípoli, a capital. Gaddafi – no poder desde 1969 – disse que pretende morrer “como mártir” em seu país, e convocou seus seguidores a irem às ruas para esmagar a revolta.

O Conselho discutiu o assunto a pedido do embaixador-adjunto da Líbia, Ibrahim Dabbashi, que na segunda-feira (21) anunciou ter rompido com o regime de Gaddafi, junto com a maior parte dos funcionários da missão diplomática.

Mas, num bizarro incidente diplomático, o embaixador titular, Abdurrahman Shalgham, que estava fora de Nova York na segunda-feira e permaneceu fiel a Gaddafi, apareceu no Conselho de Segurança no meio da manhã, quando as discussões já haviam começado.

Quem discursou ao conselho foi Shalgham, que reiterou seu apoio a Gaddafi, mas disse desejar o fim da violência e a adoção de reformas, segundo participantes da reunião a portas fechadas. Dabbashi não falou.

Falando a jornalistas depois da sessão, Dabbashi afirmou que a mensagem da ONU foi positiva, mas não suficiente. Disse também ter ouvido relatos de que, após o ameaçador discurso de Gaddafi, unidades militares leais ao ditador começaram a atacar civis no oeste da Líbia, uma situação que ele qualificou de “genocídio”.

O discurso de Gaddafi foi deplorado também por Lynn Pascoe, chefe de questões políticas da ONU. “Quem quer que incite uns contra os outros na população (…), isso é algo perigoso”, afirmou Pascoe a jornalistas.

A declaração de terça-feira foi a primeira reação do Conselho de Segurança à onda de protestos que varre o mundo árabe e que já derrubou governos na Tunísia e no Egito. Diplomatas disseram que a escala da violência na Líbia motivou essa atitude.

População devolve armas

Moradores de Benghazi disseram nesta quarta-feira (23) que já se sentem suficientemente seguros para começar a devolver armas tomadas depois de as forças de segurança do governo líbio perderem o controle da cidade, a segunda maior do país.

Essas fontes disseram que as armas estão sendo recolhidas por organizadores da revolta que fez a cidade cair nas mãos dos manifestantes contrários ao ditador Muammar Gaddafi – o que foi possível depois que unidades do Exército mudaram de lado e pararem de reprimir manifestações nas quais houve dezenas de mortos.

Grande parte do leste da Líbia está agora nas mãos de manifestantes contrários ao regime, segundo moradores da região.

“Todas as armas que os jovens pegaram estão sendo devolvidas à sede da Suprema Corte e ao vizinho Complexo da Promotoria, e também a alguns acampamentos onde a revolução foi organizada”, disse o estudante Ali, 18 anos.

Assim como outros, ele falou à Reuters por telefone, de Benghazi.

“A situação da cidade é estável desde que houve a tomada dos batalhões e a cidade passou ao controle do povo e dos jovens, que estão organizando o tráfego, junto com a polícia”, disse Ali, que não informou seu sobrenome.

“Os cidadãos agora estão começando a recolher os armamentos das ruas e a devolvê-los, porque agora se sentem seguros e não há mais necessidade deles, como foi o caso durante os tiroteios”, disse à Reuters Ahmed El Rayet, de Benghazi.

Edição: Rede Brasil Atual