Mortos em protestos contra o governo da Líbia podem ter passado de 200

Brasília – Novos episódios de violência contra manifestantes anti-governo em Benghazi, segunda maior cidade da Líbia, foram registrados no domingo (20). Testemunhas disseram que a cidade é palco de um […]

Brasília – Novos episódios de violência contra manifestantes anti-governo em Benghazi, segunda maior cidade da Líbia, foram registrados no domingo (20). Testemunhas disseram que a cidade é palco de um “massacre” promovido pelas forças de segurança. Segundo médicos de hospitais locais, mais de 200 pessoas teriam morrido e ao menos 900 ficaram feridos nos últimos dias.

Contudo, a A ONG internacional Human Rights Watch, calcula que tenham sido mortas 173 pessoas desde quarta-feira (16), inicio dos protestos. A própria organização reconheceu que a estimativa é conservadora e que o número total de mortos pode ser bem maior.

A restrição à presença de jornalistas estrangeiros e o bloqueio aos serviços de internet nos últimos dias torna difícil a confirmação independente dos números de vítimas.

Novas mortes teriam ocorrido hoje, quando manifestantes que participavam de funerais de pessoas mortas na véspera teriam sido alvejados por tiros de metralhadoras e outros armamentos pesados.

Uma médica de Benghazi, identificada como Braikah, descreveu a situação na cidade como “um massacre” e relatou para a BBC como as vítimas foram levadas ao Hospital Jala, onde trabalha. “A maioria das vítimas tinha ferimentos a bala – 90% na cabeça, no pescoço e no peito, principalmente no coração”, disse.

Segundo ela, o necrotério do hospital tinha 208 corpos hoje, e mais 12 em outro hospital da cidade. Porém não está claro quantos desses corpos são de vítimas da repressão aos protestos populares.

Benghazi tem concentrado os protestos contra o regime do coronel Muammar Khadafi, no poder há quase 42 anos.

A Líbia é um dos vários países árabes ou muçulmanos a enfrentar protestos pró-democracia desde os levantes populares que levaram à queda do presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, em janeiro.

Até a tarde do domingo não foram registradas grandes manifestações contra o governo na capital do país, Trípoli.

Marrocos

Milhares de pessoas se concentraram neste domingo na capital do Marrocos, Rabat, para protestar contra o governo e pedir que o rei Mohammed ceda parte de seus poderes. O protesto foi organizado por grupos opositores incluindo um autodenominado Movimento por Mudanças 20 de Fevereiro. A página do grupo no Facebook tem o apoio de ao menos 22 mil pessoas.

Durante o protesto em Rabat, os manifestantes gritavam slogans como O povo quer a queda do regime, e O povo rejeita uma Constituição feita para escravos. Segundo testemunhas, os manifestantes seguiram em direção ao Parlamento, sem sofrer ação da polícia.

“Este é um protesto pacífico para pressionar por reformas constitucionais, para restaurar a dignidade e para acabar com a corrupção e o saqueamento do dinheiro público”, afirmou Mustapha Muchtati, do grupo Baraka (Chega), um dos organizadores da manifestação.

O ministro das Finanças do Marrocos, Salaheddine Mezouar, pediu à população que não participasse da passeata, advertindo que “qualquer deslize, em um espaço de poucas semanas, pode nos custar o que alcançamos nos últimos dez anos”. Protestos também ocorreram em outras cidades do país, como Casablanca e Marrakech.

O Marrocos é mais um dos países árabes e muçulmanos que vêm enfrentando protestos contra o governo nas últimas semanas, desde o levante popular que derrubou o governo da Tunísia, em janeiro.

Mas os analistas dizem que o Marrocos tem uma economia bem sucedida, um Parlamento eleito e uma monarquia reformista, tornando o país menos sujeito a grandes manifestações populares.

O rei Mohammed é membro da dinastia Alaouite, que governa o Marrocos há cerca de 350 anos. A família real diz ser descendente direta do profeta Maomé.

Iêmen

Cerca de 3 mil estudantes participam  de manifestação em frente ao campus  da Universidade de Sana, capital do Iêmen, pedindo a demissão do presidente do Ali Abdullah Saleh, na sequência dos protestos dos últimos dias no país. A manifestação marca o 11º dia consecutivo de protestos contra o governo iemenita.

No sábado anterior, a polícia disparou contra os manifestantes, matando uma pessoa e ferindo cinco. Sete pessoas já morreram desde o início dos protestos.

Os manifestantes pretendem derrubar o presidente Ali Abdullah Saleh, um aliado-chave na região para os Estados Unidos na luta contra a Al Qaeda, e foram inspirados pelas revoltas no Egito e na Tunísia.

Com informações da BBC Brasil e da Lusa