Protestos no Oriente Médio têm novas mortes

São Paulo – A onda de protestos por reformas políticas no Norte da África e no Oriente Médio prossegue. Bahrein, Iêmem, Jordânia e Líbia são palco de manifestações. A população […]

São Paulo – A onda de protestos por reformas políticas no Norte da África e no Oriente Médio prossegue. Bahrein, Iêmem, Jordânia e Líbia são palco de manifestações. A população desses países volta a se mobilizar com maior intensidade uma semana após a derrubada do ex-ditador egípico, Hosni Mubarak.

Os protestos mais violentos ocorreram em Benghazi, segunda maior cidade da Líbia. Pelo menos 14 pessoas foram mortas por policias durante os confrontos, segundo a organização não governamental Human Rights Watch. Apoiadores do líder líbio, Muammar Khadafi, afirmaram que estão prontos para reagir de maneira “violenta e arrasadora” a novas manifestações contra o regime, nesta sexta-feira (18).

Houve ação da oposição em outras duas cidades, Al-Bayda e Zentan. A TV estatal do país ignorou os protestos, exibindo apenas fotos das manifestações em favor do governo em Trípoli, capital do país. Os manifestantes pró-Khadafi acusam a mídia estrangeira de incentivar os protestos.

Analistas dizem que uma revolta semelhante à do Egito é improvável porque o governo usa parte da renda do petróleo para minimizar parte dos problemas sociais. Khadafi governa a Líbia desde 1969, após um golpe militar, e é o líder africano há mais tempo no poder.

De acordo com informações de fontes da agência Reuters, a Líbia teve uma manhã calma nesta sexta (18), sem manifestações e com as ruas ocupadas por militares. Há notícia de outras mortes, ainda não confirmadas, no interior do país.

Iêmen

Manifestantes de oposição saíram às ruas pelo oitavo dia consecutivo em Sanaa, capital do Iêmen, e nas cidade de Taiz e Áden. Os protestos, convocados pela internet, pedem a renúncia do presidente Ali Abdullah Saleh, no poder há 32 anos. A população se deslocou até o palácio presidencial e, no caminho, houve choques com partidários do governo

Os confrontos deixaram pelo menos um morto e 40 feridos no país. A vítima fatal foi atingida por “tiros disparados aleatoriamente”, na quarta-feira (16), quando a polícia tentava dispersar uma multidão que incendiou um prédio público no sul do país, segundo uma autoridade local de Áden.

Saleh vem tentando mitigar os protestos que já duram um mês e que agora ocorrem quase diariamente. Aliado dos Estados Unidos, ele enfrenta ainda a atividade do braço da Al Qaeda no Iêmen – apontado como ponto de partida de ataques contra alvos na região e no exterior. Há algumas semanas, ele fez algumas concessões aos manifestantes, como a promessa de deixar o poder em 2013, ao fim de seu atual mandato, sem transferir o cargo ao seu filho. Partidos de oposição aceitaram uma oferta de diálogo com o governo, mas manifestações espontâneas continuam ocorrendo, apesar de terem perdido a força.

Bahrein

Nesta sexta-feira (18), aconteceram as maiores manifestações contra o governo do Bahrein, até o momento. Os protestos pelo quinto dia consecutivo se organizam ao mesmo tempo em que diversas vítimas de confrontros anteriores são sepultadas. O funeral de dois homens – um de 20, outro de 50 anos – ocorreu em um bairro xiita de Manama. Os caixões foram envoltos em bandeiras do país e levados em cortejo pelas ruas. A multidão presente pedia por “justiça, liberdade e monarquia constitucional”.

Na quinta-feira (17), o país-sede da abertura da temporada de Fórmula 1 também viveu momentos de tensão. As forças de segurança da ilha do Golfo Pérsico usaram tanques, veículos de polícia e arame farpado para cercar e isolar a praça central de Manama, capital do país, a rotatória da Pérola (Pearl Roundabour). O local abriga as manifestações contra o rei Hamad Bin Isa Al Khalifa. Milhares de manifestantes foram retirados à força da praça durante a madrugada pelos policiais, que usaram bombas de gás lacrimogêneo e golpes de bastão.

O ministro do Interior, Rashed bin Abdullah al-Khalifa, fez um pronunciamento no canal de televisão estatal, proibindo novos protestos e alertando que o Exército tomará todas as medidas necessárias para garantir a segurança, de acordo com a BBC. A crise política no Bahrein  já causou seis mortes e pelo menos 95 feridos.

Mais importante do que o Grande Prêmio de automobilismo, Bahrein é um ponto estratégico no Golfo por sediar uma base militar dos Estados Unidos ao sul da ilha, de pouco mais de 70 quilômetros de extensão. Apesar de ter um parlamento bicameral, o primeiro ministro está no cargo há 40 anos. Ele é nomeado pelo rei, conforme a constituição, e é o irmão do monarca.

Jordânia

A Jordânia vive, pela sétima sexta-feira seguida, protestos contra o governo. Cerca de duas mil pessoas, entre estudantes, conservadores muçulmanos e ativistas de extrema esquerda, pediram reformas constitucionais, mais liberdade e redução no preço dos alimentos em manifestações em Amã, capital do país.

Ocorreram confrontos com cerca de 200 partidários do governo e oito manifestantes ficaram feridos. “Eles nos bateram e nós tentamos nos defender, bater de volta”, airmou o estudante Tareq Kmeil. “Os policiais não fizeram nada para nos proteger, apenas ficaram lá olhando.”

O rei Abdullah II empossou um novo governo no início deste mês. O gabinete agora é comandado pelo ex-general Marouf Bakhit, que se comprometeu em ampliar as liberdades individuais.

Com informações da Reuters e Agência Brasil