Maioria dos franceses acredita em complô contra diretor do FMI

Pressão internacional no FMI cresce: secretário do Tesouro dos EUA pressiona por troca de comando

Mudança no cenário eleitoral deve favorecer Nicolas Sarkozy, atual titular do cargo e candidato à reeleição, conforme a opinião de 29% dos entrevistados (Foto: Bixint/Flickr)

São Paulo – Dominique Strauss-Kahn, preso em Nova York por acusação de abuso sexual a uma camareira no sábado (14), é vítima de algum tipo de complô, segundo 57% dos entrevistados em uma pesquisa publicada nesta quarta-feira (18) na França. O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), membro do Partido Socialista, era o favorito para as eleições presidenciais de 2012. Apesar dos danos provocados pelo escândalo, 54% ainda acreditam na vitória do Partido Socialista.

O instituto CSA fez o estudo para três empresas de comunicação francesas. São 32% os que acreditam que Strauss-Kahn cometeu os crimes sexuais, enquanto 11% não quiseram ou não souberam responder. A mudança no cenário eleitoral deve favorecer Nicolas Sarkozy, atual titular do cargo e candidato à reeleição, conforme a opinião de 29% dos entrevistados. Para 16%, o ultradireitista Frente Nacional, Marine Le Pen, teria mais vantagens com o episódio.

Os socialistas tentam ainda contornar os efeitos das acusações contra seu principal nome. Uma reunião de urgência na terça-feira (16) tentou transmitir uma imagem de unidade e anunciar a manutenção das primárias do partido para definir o nome do candidato. As imagens de Strauss-Kahn algemado podem representar, para analistas, uma condenação pública, independentemente do processo judicial. A legislação francesa proíbe a divulgação de fotografias de acusados algemados, além de outras restrições a imagens do processo judicial.

Pressão internacional

Além do terremoto na política doméstica francesa, Strauss-Kahn vive também pressões internacionais por mudanças no comando do FMI. O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, defendeu a mudança, por considerar que o atual diretor-gerente “não está obviamente em condições de continuar” após a sua prisão.

Geithner disse que não pode comentar mais a fundo sobre o caso, mas destacou que os 24 membros do Conselho do FMI podem formalmente designar alguém para assumir, de forma interina, a liderança, como John Lipsky, que tem atuado como diretor-gerente. O secretário do Tesouro deu as declarações ao jornal Wall Street Journal.

O episódio ocorre em um contexto de contestação à conduta do fundo. Em meio a negociações com a Grécia sobre a ajuda econômica ao país, o FMI vê sua autoridade em xeque. Há dois meses, o próprio Strauss-Kahn declarou que o “consenso de Washington”, que norteou as intervenções do organismo multilateral durante as décadas de 1980 e 1990, era passado.

Fonte: OperaMundi

Foto original: Bixint/Flickr