Líbios enfrentam falta de alimentos e de assistência médica

Líbio segura cartaz de Khadafi perto de base naval destruída por bombardeios. Indefinições permanecem no país (Foto: Zohra Bensemra/Reuters) São Paulo – Os líbios enfrentam cada vez mais dificuldades de […]

Líbio segura cartaz de Khadafi perto de base naval destruída por bombardeios. Indefinições permanecem no país (Foto: Zohra Bensemra/Reuters)

São Paulo – Os líbios enfrentam cada vez mais dificuldades de acesso a assistência médica e medicamentos, e o preço dos alimentos disparou à medida que o conflito se agrava, informaram agências de ajuda humanitária nesta terça-feira (22). A maior parte do território está fechado a funcionários dessas organizações, que dizem ter informações incompletas sobre a situação humanitária, principalmente depois do início dos ataques aéreos ocidentais no fim de semana.

Nesta terça, as forças de Muammar Khadafi atacaram duas cidades do oeste, matando dezenas de pessoas, enquanto os rebeldes estavam imobilizados no leste. Segundo analistas, os opositores ao governo líbio não conseguem criar uma cadeia de comando que aproveite os ataques aéreos dos Estados Unidos e países da União Europeia.

Se não está claro quem assumiria o poder após uma eventual deposição de Khadafi, tampouco há certezas sobre a reação das potências ocidentais caso o líder líbio resista. A perspectiva de um país dividido em dois, sendo o leste dominado por rebeldes e o oeste por Khadafi desagradaria os Estados Unidos.

Na provável primeira baixa da coalizão na campanha, um caça F-15E norte-americano caiu na Líbia durante a noite. Os dois tripulantes do avião foram resgatados, disseram os militares dos EUA. O acidente provavelmente foi causado por falha mecânica e não fogo inimigo, disse ele.

Comando da operação

Desde o início da operação, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, movimenta-se para transferir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) o comando das operações. Ele declarou nesta terça ter conversado com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy. Ambos concordaram que a Otan teria um papel importante na Líbia, segundo assessor sênior da Casa Branca para segurança nacional, Ben Rhodes.

Mas não houve apoio direto à liderança política na missão. A Turquia é um dos principais opositores da medida dentro do organismo. O envolvimento da Otan ainda reduziria o apoio dos outros países árabes à ação anti-Khadafi.

Em Moscou, o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, disse a repórteres que ainda acreditava numa transferência rápida do comando da coalizão. “Não quero sair na frente da diplomacia que está sendo feita, mas eu ainda acho que uma transferência dentro de alguns dias é provável”, disse.

Crise humanitária

“Há relatos de escassez de suprimentos médicos e de produtos básicos na parte ocidental do país, e os preços aumentaram drasticamente”, disse Adrian Edwards, porta-voz do Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Refugiados (Acnur), numa entrevista coletiva em Genebra. Pessoas que chegam à fronteira com o Egito contaram que milhares de líbios da região leste se refugiaram em casas e escolas.

“O conflito provocou faltas agudas de muitos medicamentos essenciais, incluindo anestésicos. Isso representa um problema especial devido à alta taxa de pacientes admitidos nos hospitais com ferimentos de traumas agudos que exigem intervenção cirúrgica urgente”, disse Fadela Chaib, da Organização Mundial da Saúde (OMS), à Reuters. Há falta de remédios para doenças crônicas, como diabetes, enfermidades cardiovasculares e transtornos da saúde mental.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), uma das poucas organizações de ajuda humanitária em ação no leste da Líbia, tenta distribuir kits emergenciais de saúde aos rebeldes e às forças do governo perto de Benghazi, disse à Reuters o porta-voz do CICV, Marcal Izard. “Nós também visitamos dois soldados do governo feridos, mantidos pela oposição, que estão num hospital de Benghazi”, disse ele.

O Programa Alimentar Mundial (WFP) da ONU enviou 1.500 toneladas de alimentos, em sua maioria farinha de trigo e barras energéticas, a Benghazi, o suficiente para alimentar 114 mil pessoas por 30 dias, disse uma porta-voz.

Com informações da Reuters